No desfecho de sua reunião anual, o Congresso Nacional Popular da China aprovou uma nova lei de regulamentação de investimentos estrangeiros no país com vistas a tornar o ambiente econômico interno mais equilibrado entre iniciativas domésticas e de outros países, assim como proteger o conteúdo tecnológico de empresas internacionais operando na China e reforçar a atratividade do Império do Meio ao capital estrangeiro.  Para Li Keqiang, primeiro-ministro da China, a nova lei demonstra o comprometimento chinês com a continuidade da abertura de sua economia: “a abertura econômica é uma política estatal fundamental da China que proporcionou benefícios reais ao povo chinês e ao restante do mundo, então por que não continuar a expandi-la?”, completou.

Ainda no encontro, Li também defendeu a implementação de incentivos fiscais e regulatórios, de modo a incentivar a dinamização da economia chinesa no atual período de desaceleração. Para o primeiro-ministro, a esperada queda na arrecadação pública decorrente de tais medidas pode e deve ser compensada pela redução de gastos públicos. “Não vamos optar pelo afrouxamento de políticas monetárias, mas sim pelo apoio eficaz à economia real”, explicou.


Em 2014, ao declarar guerra contra a poluição, a China lançou uma série de medidas específicas para garantir que sua base industrial operasse dentro de padrões menos danosos ao meio ambiente. Meia década se passou, porém, e hoje o tom é outro. Durante as Duas Sessões deste ano em Pequim, destacou-se a ideia de “primeiro, o emprego”, revelando que, para o governo chinês, a prioridade é, agora, a manutenção do nível da atividade econômica, e não mais o controle da degradação ambiental no país. A mudança surpreende, pois surge pouco mais de um ano após o Ministério do Meio Ambiente da China afirmar que, ao contrário da percepção popular, regulações ambientais não prejudicam a economia chinesa — pelo contrário, beneficiam a ela.

Uma nova corrida espacial para um novo século? É o que parece acreditar a Agência Estadunidense de Inteligência de Defesa que, em relatório lançado no início do ano, alarmou Washington sobre a crescente modernização militar chinesa — inclusive e com destaque para capacidades espaciais. Em artigo sobre o tema, o Wired dispõe a importância da exploração e conquista do espaço tanto para os Estados Unidos quanto para a China, apontando que o domínio extraterrestre pode se tornar palco de um conflito entre as duas nações no futuro.


O rápido crescimento das exportações de soja do Brasil para a China — país que, só em 2018, foi o local de destino de 82% da soja brasileira — está forçando a consolidação de novas hidrovias para escoamento do produto pela Bacia Amazônica e o Arco Norte. Os comboios de soja saem de Itaituba e Santarém (PA),  localidades próximas à região central de produção do país, e seguem rio abaixo até os portos de Vila do Conde (PA) e Santana (AP). Em seguida, a soja é transferida para navios cargueiros que passam pelo Canal do Panamá até chegar a China. Ao escoar a produção diretamente no Atlântico Norte e, depois, pelo Caribe, economiza-se tempo e ganha-se vantagem competitiva. Os benefícios, no entanto, não parecem ter incluído as populações ribeirinhas da região.


A pesquisadora Jiejun Xu, da Universidade de Pequim, escreveu um artigo sobre o papel da nova agência de desenvolvimento criada pela China no ano passado (a CIDCA – China International Development Cooperation Agency) sob a luz da teoria da Nova Economia Estruturalista. A Economia Estruturalista ficou famosa devido a nomes associados com a  CEPAL, organização latino-americana liderada por Raúl Prebisch e Celso Furtado. Hoje, a discussão tem a ver com desenvolvimentismo e, nesse caso, como o papel da CIDCA se encaixa na política externa chinesa através do BRI.

Já parou para pensar como é o controle de armas de fogo na China? Nós fomos dar uma olhada. Trata-se de um dos países com as leis mais restritivas do planeta. Há um amplo corpo regulatório que desautoriza a posse particular de armas automáticas, semiautomáticas, pistolas e revólveres. Nenhum civil pode legalmente adquirir, ter a posse ou transferir uma arma de fogo ou munição no país (com exceções rigosas para armas de caça). Isto não significa, no entanto, que o número de mortes causadas por armas de fogo esteja caindo, ou que seja difícil encontrar armas no país — há relatos de grandes mercados clandestinos muito lucrativos nas províncias de Sichuan, Zhejiang, Xinjiang e Guizhou.


Em 2017, o governo central de Pequim lançou um plano para que a China se torne, até 2030, líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial. Um passo importante dessa jornada até o topo deve ser dado ainda neste ano: de acordo com previsão do Allen Institute for Artificial Intelligence, a China deve ser o país com o maior número de publicações dentre as 50% mais citadas na área em 2019. Para Oren Etzioni, professor de ciência da computação e CEO do Allen, os dados refutam a ideia de que as pesquisas chinesas na área são meramente incrementais: “claramente, a qualidade das publicações científicas chinesas só está aumentando”, afirmou em entrevista ao The Verge. Na MacroPolo (seção Talents), você pode investigar um pouco mais sobre esses dados e o sonho chinês de liderança em IA.


Não está fácil ser um pai ou mãe na China: os últimos anos viram escândalos de alteração de leite, vacinas vencidas, e, agora, alimentos estragados — acontecimento relatado numa prestigiosa escola em Chengdu. Centenas de pais saíram para protestar, depois de descobrirem que a cozinha da escola continha pão mofado, alimentos podres e itens que pareciam “carne de zumbi”. A escola é privada, e custa cerca de US$ 5,800 ao ano.


O discurso de encerramento das Duas Sessões de Li (do qual vale a pena ver os highlights) falou sobre enfrentar a pobreza e a poluição e evitar comportamentos arriscados na economia. O país lançou uma campanha de erradicação da pobreza, a partir do investimento de 1 trilhão de renminbi (quase 150 bilhões de dólares), o que realocaria 30 milhões de chineses para outros lugares. O Sixth Tone fez uma excelente matéria interativa sobre a questão, com histórias de pessoas nessa situação, que viram o surgimento de cidades nas áreas rurais, e contam sobre suas migrações e ansiedades relacionadas às realocações – são problemas, inclusive, que ecoam muito na realidade do Brasil.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Sex toys: a Vice Asia lançou um curta sobre a indústria de brinquedos sexuais na China. São 16 minutos de puro prazer. Sem grandes spoilers, 70% dos sex toys do mundo vêm do Império do Meio. Aproveite.

Design Shanghai: o principal evento de design da Ásia ocorreu, de 11 a 14 de março, em Xangai. O Sixth Tone escreveu brevemente sobre o evento e a indústria de design na China, além de apontar os desafios de uma área nascente no país, no que se refere à percepção em relação aos líderes internacionais.

Descubra a língua patuá: falada por apenas 50 pessoas no mundo todo, a língua crioula baseada em português resiste com dificuldades em Macau, seu local de origem. Aqui, você pode ouvir a história do dialeto por uma de suas herdeiras: uma macauense de 103 anos.

A cura da malária: você sabe o papel da China na pesquisa sobre a cura da malária? É uma história fascinante sobre pesquisa e medicina tradicional chinesa — tudo em meio à Revolução Cultural. Vale ouvir o curto episódio.

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