Já falamos aqui sobre as questões atuais em Xinjiang, a província mais ao Noroeste da China e que ocupa uma parte grande do território do país. É a região que ligava o país ao resto do mundo durante a época da Rota da Seda, e assim, recebeu heranças importantes de multiculturalismo. Hoje, ficou notória pela vigilância e uso de tecnologia para pesado controle estatal que se instaurou nos últimos anos para com a minoria uigur, de religião muçulmana. O NYT fez uma longa reportagem sobre as tecnologias de vigilância e o monitoramento em uma das principais cidades da região, Kashgar. O artigo é assinado por figuras famosas do jornalismo internacional sobre a China: Paul Mozur, Chris Buckley e Austin Ramzy.


Há poucos anos, mais de 60 startups disputavam o mercado de bicicletas compartilhadas na China. Dessas, é possível contar nas mãos a quantidade que sobrevive até hoje. Com o colapso da outrora líder Ofo, paira no ar a dúvida sobre a viabilidade do setor no longo prazo. A aposta da vez entre as sobreviventes — notoriamente, Mobike, Hellobike e Bluegogo — é aumentar o preço do aluguel das bicicletas e diminuir a frota disponível de modo a reduzir custos de manutenção. Se o novo modelo de negócios vai funcionar, porém, só o tempo poderá dizer.


Até 2022, a Liga da Juventude Comunista da China pretende enviar 10 milhões de jovens educados em grandes centros do país a zonas rurais isoladas sob a missão de propagar a “civilização” e promover ciência e tecnologia. Diferentemente do que houve durante a Revolução Cultural das décadas de 1960 e 1970, assim, não se espera que os jovens se engajem com trabalhos braçais e reconectem-se com a vida no campo — pelo contrário, a intenção é que eles assumam postos em que possam utilizar suas habilidades para auxiliar a modernização do interior chinês.


Mais de 33.000 apps das áreas de jogos e educação e dois milhões de sites foram bloqueados desde dezembro na China, segundo um recente artigo publicado no Technode. Os alvos foram escolhidos por servirem como plataformas de jogos de azar, compartilhamento de imagens indecentes, bem como programas de vírus e spyware.

Em um novo artigo da Carnegie-Tsinghua, especialistas analisam a Belt and Road Initiative (BRI) sob a perspectiva dos EUA, Rússia, e da própria China. Apresentam-se os desafios e oportunidades do projeto, tanto do ponto de vista de cooperação quanto de competição entre esses países. A base das questões está em entender se é um projeto geopolítico ou apenas econômico. É um daqueles artigos para se ler tomando um café.


Quando anunciada em 2017, a construção de uma linha de trem conectando a China à Malásia (e perpassando outros países) foi recebida por Kuala Lumpur como um divisor de águas na infraestrutura de integração da região. Um ano depois, porém, a empreitada foi denunciada por um novo líder malaio como um projeto corrupto e custoso que sobrecarregaria o país com uma dívida exorbitante com os chineses. Em resposta, Pequim agora concorda em reduzir o preço da iniciativa para um terço do valor original. A decisão faz parte de uma grande reavaliação dos projetos financiados pela China no exterior — especialmente no escopo da Belt and Road Initiative — dado as dívidas geradas pelos investimentos a países que, em muitos casos, não têm meios para arcar com tais responsabilidades.


Será que chegou a hora de a China explorar as terras raras do fundo do mar? Para Tang Damin, a demanda mundial por elementos químicos fundamentais encontrados em eletrônicos (e até em turbinas eólicas) é motivo suficiente para o mergulho. No entanto, fora os desafios tecnológicos e riscos ecológicos pouco estudados, ainda falta um aceno claro de apoio do governo central — ainda que empresas chinesas já tenham assegurado alguns contratos para extração profunda dos recursos.


A Huawei está no centro de muitas das discussões de competição entre Estados Unidos e China no momento. Para muitos, Washington lançou uma campanha para destruir a empresa e garantir que outros governos parem de comprar e aceitar a presença da Huawei nos seus territórios. O LA Times fez uma ótima matéria que inclui a história da empresa e de seu fundador, Ren Zhengfei. Os autores apresentam a questão de como as ambições globais e a aposta da empresa no 5G estão ligadas à postura e às críticas fortes de Washington contra a espionagem chinesa.

Para um grande número de chineses, check ups anuais em clínicas privadas são a maneira mais conveniente de verificar se seu estado de saúde segue (ou não) em ordem. Planos de saúde providos pelo Estado não cobrem, afinal, esses tipos de exame. Mesmo que cobrissem, os frequentemente lotados e barulhentos hospitais públicos da China costumam, de qualquer maneira, ser evitados até última instância por muitos no país. Avaliada hoje em 200 milhões de yuans, essa indústria vem, contudo, sofrendo crescente escrutínio público após frequentes casos de negligência e más práticas administrativas. O caso lança luz à discussão sobre saúde como negócio e aos problemas decorrentes da sobreposição dos números ao tratamento humano no setor.


Nem Sundance, Cannes ou Berlinale: começou nesse último fim de semana a nona edição do Beijing International Film Festival, com a promessa de dar destaque às produções oriundas de países da BRI. Além de uma lista completa de mais de 500 filmes que serão exibidos na capital do Império do Meio, vinte países disputam o principal prêmio do evento. Há três produções chinesas como finalistas: The Wandering EarthThe Composer (produção sino-cazaquistanesa) e The Eleventh Chapter.


A primeira imagem de um buraco negro surpreendeu o mundo nesta semana, e criou algumas polêmicas na China. A primeira delas deu-se pelo fato de que, apesar de a equipe de 200 pesquisadores ter contado com a participação de 16 chineses, absolutamente nenhum telescópio do país foi usado na empreitada — ainda que o país seja detentor do maior telescópio do mundo, o pitoresco FAST. O motivo? Ele não foi construído para captar a faixa de onda que o projeto Event Horizon Telescope (EHT) precisava a qual, no caso, era menor do que a faixa que o telescópio chinês conseguia “sintonizar”.

A segunda polêmica veio nada mais, nada menos do que da internet: o maior banco de imagens do país, o Visual China Group, reivindicou os direitos autorais  primeira foto de um buraco negro. A ideia não deu muito certo.

Apesar disso, não demorou muito para o mercado de ações da China atingir níveis estratosféricos para o setor aeroespacial.  Empresas relacionadas à produção de telescópios e lentes espaciais viram seus papéis se valorizarem em 10% na Bolsa de Xangai.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

De Taiwan, Com Amor: assista a um vídeo de 8 minutos explicando como a ilha conseguiu se tornar o paraíso LGBT na Ásia, diante das imensas tensões com Pequim.

Galáxia de Memes: a primeira imagem de um buraco negro não ia passar batido no universo da internet chinesa. Aprecie com moderação.

Podcast: Center for the Study of Contemporary China da Universidade da Pensilvânia fez um episódio de quase 2h com o autor e pesquisador Yasheng Huang (do MIT) sobre o capitalismo na China. Huang lançou em 2008 o livro “Capitalism with Chinese Characteristics” e que é até hoje referência na área. No episódio, o autor discute os temas do livro, sobre o papel do Estado no crescimento do país, e também a análise dele sobre os últimos anos, incluindo a guerra comercial. Indispensável.

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