Foi lançado um mapeamento das empresas chinesas de tecnologia de grande porte, feito pelo Australian Strategic Policy Institute. Contém uma base de dados (abertos, em inglês e chinês) de 12 empresas-chave da República Popular da China, onde é possível encontrar geolocalização de atuação, projetos e centros de coleta de dados. As empresas incluem Alibaba, Baidu, China Mobile, Hikvision, Huawei, Tencent e ZTE. Entre as questões abordadas estão: a expansão de um “autoritarismo digital” (incluindo um projeto de identidade virtual da Venezuela); a participação do Partido dentro das empresas; e como a tecnologia afeta os direitos humanos.


Por falar em tecnologia, aliás, o clima entre duas das principais empresas do setor na China não anda nada aprazível. Em processo judicial lançado na semana passada, a Baidu acusa a ByteDance de roubar resultados de sua ferramenta de pesquisa para utilização em plataformas próprias. Como compensação, a empresa demanda um pedido de desculpa oficial no site da ByteDance e 90 milhões de yuans (cerca de 50 milhões de reais) em indenização por danos. A ByteDance, por sua vez, respondeu prontamente com outro processo. Alegando que a Baidu se utilizou indevidamente de conteúdo da ByteDance em seus próprios aplicativos, a empresa pede pela mesma compensação — desculpas oficiais e 90 milhões de yuans em indenização. Olho por olho, dente por dente e, literalmente, yuan por yuan.


Após um 2018 difícil, o mercado imobiliário chinês começa a dar sinais de reaquecimento. Uma pesquisa realizada em 100 cidades do país indicou que os preços de imóveis voltaram a subir no primeiro trimestre deste ano. A mudança se dá meses após o governo central da China permitir que administrações provinciais ajustem políticas públicas para a área, de acordo com a realidade local. Nem todos concordam, porém, que novos dados sejam razão para otimismo. Preços em ascensão, pelo contrário, podem sinalizar uma bolha no setor.

A revista Americas Quarterly lançou uma edição sobre a China e a América Latina. Contém diversas matérias muito interessantes e recomendamos uma leitura completa. Algumas questões abordadas são: a relação Brasil-China sob o governo Bolsonaro, que por vezes criticou a atuação chinesa no país; latino-americanos(as) fazendo sucesso na China (como o brasileiro Marco Stefanini da multinacional Stefanini IT); o papel que a RPC pode ter na resolução de problemas da Venezuela; os investimentos chineses em tecnologia na região; além de como as lideranças na América Latina estão lidando com o governo de Xi Jinping.


Em um recente artigo publicado no The Asia Dialogue, Chris Rowley discute o atual estado de relações diplomáticas entre China, União Europeia e Reino Unido, frente aos desafios impostos pelo Brexit e uma Europa pendular quanto à ascensão chinesa no continente. Para ler tomando um cafezinho (ou um chá).


Aconteceu nessa semana o Belt and Road Forum que reuniu, em três dias de céu azul em Pequim, 37 chefes de Estado e consolidou mais de 64 bilhões de dólares em acordos comerciais. Em contraste com o discurso feito no primeiro fórum em 2017, Xi Jinping focou menos na expansão da iniciativa em diversos países, e mais na prioridade do governo chinês em assegurar que os projetos com a assinatura da BRI sejamsustentáveis em termos ambientais e econômicos. A Bloomberg destacou três objetivos alcançados com o evento: melhora da imagem da BRI no mundo; combate à corrupção em projetos relacionados à BRI; e um sinal positivo sobre a guerra comercial com os Estados Unidos. Há quem tenha reagido às promessas com desconfiança.

Para se distrair no trabalho: um relato dos bastidores do evento que parou a cidade. Falta de organização e caos também fizeram parte.

Dois textos interessantes sobre o que move a juventude chinesa: muitos estão se tornando daytraders — pessoas que fazem compra e venda de ativos financeiros durante um mesmo dia, uma atividade focada na especulação. Outro texto fala sobre o mercado que interessa aos jovens da “Geração Z” (aquela nascida após os anos 2000). É uma geração marcada por ter nascido já imersa em tecnologia, buscando independência e autonomia, e se importam com a história das marcas.


Já falamos do uso de inteligência artificial na China nas mais diversas áreas, como educação e no sistema jurídico. Agora, o setor de saúde parece também estar apostando alto nisto. O futuro parece promissor e inclui desde diagnósticos iniciais e planos para tratamentos até trabalho logístico dentro do hospital — o mercado foi avaliado em 21 bilhões de RMB no ano passado (cerca de 3 bilhões de USD).


No início do mês, um trabalhador chinês viralizou nas redes sociais do país ao compartilhar um vídeo em que expõe a diferença de qualidade entre os equipamentos de segurança usados por supervisores e subordinados na indústria da construção civil. Em resposta, milhões de internautas aplaudiram a coragem do operário em revelar a precariedade dos padrões de segurança entre trabalhadores da área na China. Após a repercussão do caso, o trabalhador alega não conseguir mais emprego no setor. Em artigo sobre o assunto, uma fonte revelou ao Global Times que equipamentos de segurança frágeis são norma na construção civil chinesa. O Ministério de Gestão de Emergências da China, por sua vez, publicou uma declaração em que pede que supervisores cumpram as normas de segurança previstas por leis para o setor.


As sessões do Real Man Training Club (ou Clube de Treinamento do Homem Real, em tradução livre) começam cedo em Pequim. O objetivo da organização? Combater a “crise de masculinidade” na China, ensinando garotos a se tornarem “homens de verdade”. Para Tang Haiyan, fundador do clube, a promoção de figuras “efeminadas” pela mídia — homens que, dentre outras, usam brincos e se maquiam — é uma calamidade para o país. Para Song Geng, pesquisador da Universidade de Hong Kong, o medo do fim da virilidade reflete a insegurança sobre o poder do Estado chinês. “Há uma preocupação de que se os homens chineses forem efeminados, nos tornaremos um país fraco no futuro e não conseguiremos competir com nossos rivais”, afirmou.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Fotografia: faleceu na última semana o fotógrafo alemão Michael Wolf, radicado em Hong Kong há 25 anos e especialista em capturar a cena urbana da cidade. Confira aqui alguns dos cliques mais marcantes dessa figura histórica da fotografia chinesa.

Música: conheça o projeto DONG 2, em que a música eletrônica se mistura com a rica tradição polifônica de mais de 2500 anos da minoria étnica dong

Don’t be a drag, just be a queen: um curta de menos de vinte minutos sobre a cena drag queen de Xangai. Um arraso.

Soja: já parou para pensar na história da soja na China republicana? Um novo livro discute a questão política do grão no país durante o começo do século XX. Alimento para as massas e antiimperialismo tudo na mesma história.

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