Newsletter 068 (PT)
Elon Musk (Tesla) e Jack Ma (Alibaba) se reuniram em um evento para discutir tecnologia e Inteligência Artificial. Os dois gigantes da tecnologia sentaram em Xangai e intercalaram monólogos sem muita interação um com o outro, mas na hora de falar sobre o futuro de IA e sobre como máquinas serão mais espertas que seres humanos, rolou uma discordância. É possível assistir aos 45 minutos aqui.
Uma das cinco demandas dos manifestantes em Hong Kong era a retirada oficial do projeto da lei de extradição que iniciou os protestos. O projeto havia sido engavetado, mas Carrie Lam, governadora de Hong Kong, anunciou essa semana a sua retirada definitiva. Em meio a novos episódios de violência, ainda é incerto como o governo irá responder às outras exigências. Lam também fez alterações nas pessoas que fazem parte da sua equipe.
Reserve alguns minutos do seu dia para ler a excelente análise feita por David Bandurski sobre o discurso dado por Xi Jinping na Central Party School nessa semana. Para se referir ao delicado momento atual de constrangimentos políticos e econômicos internos e externos que o país tem sofrido, Xi — conforme argumenta Bandurski — não utilizou palavras comuns como “desafios”, ou “problemas”, mas sim a palavra 斗争 (douzheng), com a tradução mais aproximada de “luta” em português. Por que isso importa? O termo 斗争 é carregado de significado histórico, remontando aos tempos da Revolução Cultural e às disputas de poder não só entre a RPC e outros países, mas também a disputas internas do partido. Terá sido um alerta a algumas facções políticas e elites que pleiteiam o poder? Leia a análise completa aqui.
Na última sexta-feira (06), o Banco Central da China anunciou uma redução de 0,5% na taxa de reserva de caixa — ou seja, a porcentagem de dinheiro de depósitos que credores devem guardar em seus cofres — em vigência no país. A mudança, na prática, implica uma injeção de mais de 100 bilhões de dólares nas finanças chinesas e deve representar um importante estímulo em meio aos desafios impostos pela desaceleração da economia do país e, é claro, pela guerra comercial com os Estados Unidos.
Angela Merkel acaba de finalizar sua 12ª visita à China em um contexto histórico delicado para a Alemanha, dada a recessão econômica à vista e aos efeitos da guerra comercial no país e na União Europeia. A chanceler se equilibra entre buscar mais acesso ao mercado consumidor chinês para produtos alemães, e pautar questões caras para o país que é o maior parceiro comercial do Império do Meio na Europa, como direitos de propriedade intelectual. Você pode ler aqui quais fatores levaram a gigante exportadora a dar uma volta-volver de “defensora” de relações com a RPC a uma postura um pouco mais desafiadora. Leitura digna de um bom cafezinho.
De acordo com artigo da Petroleum Economist, a China pretende investir, nos próximos anos, cerca de 280 bilhões de dólares na expansão dos setores de petróleo, petroquímicos e gás do Irã. Ademais, mais 120 bilhões de dólares devem ser direcionados, por parte de Pequim, à modernização das estruturas de transporte e manufatura do país. Em retorno, Teerã oferecerá, entre uma série de vantagens, preferência a empresas chinesas em quaisquer novos desenvolvimentos em tais áreas. A decisão, é claro, é de contraste evidente com as relações mantidas entre os iranianos e os Estados Unidos — os campos a serem beneficiados pela cooperação com o Império do Meio, afinal, são justamente alguns dos mais prejudicados pelas sanções impostas por Washington ao país islâmico.
Em duas semanas tem início a Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Nestes momentos de congregação, chamam à atenção os bons (e os maus) discursos, além da influência de países no âmbito multilateral. Cada vez mais, como já falamos, é perceptível a importância chinesa nas Nações Unidas. Os Estados Unidos, tradicionalmente o líder na organização, demoram a perceber que esnobar a ONU não é uma boa ideia para si — mas parece que a ficha está caindo, como indica a matéria da Foreign Policy sobre uma reunião do Departamento de Estado no dia 29 de agosto.
Outro texto da Foreign Policy que chamou à atenção foi o de Stephen Walt, refletindo sobre o futuro da Ásia. Ele analisa três cenários para a situação: um de ascensão da China; outro em que os Estados Unidos permanecem a nação mais poderosa do mundo; e um terceiro, nos quais os dois acabam atingindo uma certa igualdade de poder — tal qual na Guerra Fria, entre EUA e União Soviética.
Já se passaram 23 anos desde a clonagem da ovelha Dolly, o primeiro mamífero a ser clonado. Agora, na China já é possível clonar o seu gato de estimação. O Garlic foi feito num laboratório em Pequim, pela empresa chinesa de biotecnologia Sinogene. Ela já oferecia serviços de clonagem de cães, pelo preço de 53 mil dólares. O gato sai mais barato — 35mil. Cerca de 20 cães foram clonados pela Sinogene no ano de 2018, inclusive um cão, campeão em farejar, para a polícia de Kunming — o que reduziria custos com treinamento, já que muito estaria no DNA. Muita gente já se manifestou na internet, que tal qual zumbis, isso não traz de volta a alma e a personalidade dos bichinhos (a própria Barbra Streisand disse isso depois de clonar seu cão que faleceu). Polêmico, mas lucrativo.
Foram anunciados neste fim de semana os vencedores do Prêmio Ciência do Futuro, edição 2019, que premia as maiores contribuições científicas nos campos de ciência e tecnologia da China continental. Os vencedores se destacaram em diversas linhas de pesquisa, como a descoberta de novos receptores citosólicos em respostas inflamatórias a bactérias patogênicas, assimetrias entre matéria e antimatéria no universo e, em destaque, as fraquezas da função hash criptográfica — importantíssima para a verificação da integridade de mensagens, senhas e utilizadas em mineração de bitcoins. Esta pesquisa foi liderada por Wang Xiaoyun, a primeira mulher a ganhar o prêmio, desde sua criação.
Na última semana, um aplicativo de troca de rosto que possibilita a produção de vídeos falsos de aspecto realista viralizou na internet chinesa. Imediatamente, tanto meios de comunicação estatais quanto privados expressaram preocupação quanto aos potenciais problemas trazidos pela disseminação de desinformação através de conteúdo audiovisual ilusório no país. Simultaneamente, Pequim anunciou que pretende restringir e regular o uso de tecnologias de monitoramento alimentadas por inteligência artificial. O posicionamento deu-se em resposta à repercussão popular negativa no caso de uma universidade na cidade de Nanjing, que alegadamente se utilizava de tais meios para vigiar e controlar o comportamento de seus alunos. Casos isolados ou uma demonstração de que, ao contrário do que alguns pensam, os chineses realmente se importam com sua privacidade?
Dica de seriado: o drama A Little Reunion conta a história de três adolescentes chineses que se preparam para o ingresso na universidade — e estão estudando para a tensa prova de vestibular de lá (o gaokao). O fato de focar também nos esforços, sacrifícios e extremos da vida dos estudantes e de suas famílias tem sido bastante elogiado.
Tem no Netflix: o documentário American Factory, que trata das relações de trabalho em uma fábrica financiada por um bilionário chinês em Ohio, vem provocando reações expressivas tanto na China quanto nos Estados Unidos. Já assistiu?
Do zero com amor: com mais de 50 milhões de seguidores online, Li Ziqi é uma das maiores sensações do momento com seus vídeos que mostram como criar tudo do zero.
Música: A banda EggPlantEgg, uma das queridinhas da Shūmiàn, lançou um clipe novo para a faixa 窒息 (“Can’t Breathe”).