Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China vestindo um terno preto com risca, camisa azul clara e gravata roxa sentado em mesa em frente a placa China

Edição 308 – China responde Otan e fala em desinformação

Vacinas chinesas e gigantes de tecnologia na China

Para onde vai o desenvolvimento da Inteligência Artificial na China. Para estudiosos de IA na China, a tecnologia se desenvolverá em quatro frentes: modelos multimodais, geração de vídeos, inteligência incorporada e IA para pesquisa. É isso que o cientista de computação e Diretor do Instituto de Tecnologia da Computação da Academia Chinesa de Ciências, Sun Ninghui, afirmou durante sua série de palestras ao Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo da RPC. Para quem se interessar pelo assunto, vale ler este texto escrito por David Cowhig para o blog Gaodawei, que traz uma de 7 palestras de Sun. 

Sun ressalta que segurança é uma preocupação crescente no campo, apontando para riscos como a proliferação de informações falsas e de erros factuais. Segundo o especialista, isso levará o  governo chinês a avançar em tecnologias de detecção e regulamentação. Sun também alertou sobre como a China enfrenta desafios significativos na computação inteligente devido à concorrência tecnológica com os EUA, incluindo a liderança americana em capacidades centrais de IA e restrições de comércio de tecnologia. A infraestrutura de computação e o ecossistema doméstico ainda são frágeis, com um déficit de talentos e ferramentas de desenvolvimento. 

Seguindo nessa linha de fortalecer a infraestrutura doméstica, uma das principais empresas de IA do mundo anunciou o bloqueio de acesso dos usuários chineses a suas ferramentas, a OpenAI infoumou que essa medida deve entrar em vigor a partir de 9 de julho, que de um lado preocupou os desenvolvedores chineses, mas pode impulsionar o desenvolvimento de IA local. Baidu, Alibaba e Tencent não perderam tempo e já começaram a oferecer serviços alternativos e migração gratuita para afetados, recomendamos a leitura deste China Talk específico sobre o desligamento do OpenAI na China e suas consequências.   

Seria o fim das minas carvoeiras na China? Desde o primeiro semestre de 2024, a China parou de permitir a instalação de novas usinas siderúrgicas de carvão no país. O sistema energético do país tem alta dependência do carvão, e um dos maiores vilões para a  emissão de CO2. O fato é que nos últimos anos a China ainda vinha aprovando milhões de novas capacidades siderúrgicas a carvão, como na área da produção de aço, que, embora fossem projetos de substituição, fechavam usinas antigas e criavam novas que queimassem menos carvão. Um ponto interessante nisso tudo é que a redução das emissões na siderurgia pode diminuir ainda mais, uma vez que a China tem passado por uma redução do setor de construção civil. Vale ressaltar todo esse cenário de repensar os modelos energéticos chineses ainda estão atrelados ao compromisso feito por Xi Jinping de atingir a neutralidade de carbono até 2060.

China bate de volta. O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, rebateu a afirmação feita por líderes da OTAN de que Pequim apoiaria Moscou no conflito contra a Ucrânia. Wang chamou de “infundadas” as falas de líderes como a do presidente estadunidense Joe Biden, de que a China é essencial para a manutenção russa. Pequim respondeu por meio do porta-voz do Ministério de Relações Exteriores e pelo próprio chanceler dizendo que o Ocidente tem espalhado desinformação sobre o assunto, além de estar colocando “lenha na fogueira” ao fornecer armamento para Kiev. As trocas de acusações aconteceram na esteira do encontro da cúpula da Otan, em Washington, realizado esta semana. Biden chegou a pedir que os europeus deixem de investir na China. Além de ter como pano de fundo uma potencial desistência de Biden da candidatura à reeleição, a reunião teve o conflito entre Rússia e Ucrânia no centro das atenções, com críticas que respingaram na China e em Xi Jinping

VE chinês na Turquia ou na Europa? Mais um episódio para a série BYD no mundo. Essa semana a BYD, maior fabricante de veículos elétricos (VE) da China anunciou um acordo com o governo da Turquia para a construção de uma fábrica no país. O anúncio foi feito durante um evento em Istambul mediante a presença do presidente Recep Tayyip e o CEO da BYD, Wang Chuanfu, o investimento de mais de 1 bilhão de dólares foi feito e promete criar uma infraestrutura para a produção de mais de 150 mil veículos por ano e tem previsão de início de funcionamento já para o final de 2026. Mas porque a Turquia? Tudo indica que essa parceria é uma resposta estratégica frente aos entraves que vem enfrentando não só nos EUA mas na União Europeia como um todo, que impôs uma tarifa extra de 17,4% sobre os veículos da BYD.  Visto que a  Turquia faz parte da União Aduaneira da UE, o processo de venda dos veículos produzidos localmente evitam tarifas adicionais ao serem exportados para o bloco. 

A taxa das “brusinhas”e a ameaça no horizonte. Já falamos aqui algumas vezes (inclusive acima) sobre a taxação de bens chineses na Europa e EUA, mas crescentes demandas por exportações para o Brasil e Sudeste Asiático podem compensar parte desse cenário. O South China Morning Post aponta que dados recentes do mercado chinês mostram um crescimento de 8,6% das exportações comparadas a junho de 2023, superando as previsões de 7,44%, e resultando numa máxima dos últimos 21 meses. Lembrando também que Aliexpress e Magalu recentemente firmaram um acordo de comércio eletrônico transfronteiriço de modo que produtos sejam vendidos em ambas as plataformas. Contudo, a taxação aprovada no Brasil bem como o que vem por aí nos EUA e Europa já estão sendo contabilizadas nas previsões dos analistas, como diz o SCMP.

Uma onda que veio para ficar. Atento à tendência da informalidade no mercado trabalhista chinês, o South China Morning Post acaba de lançar uma série sobre essa nova tendência na empregabilidade de cidadãos locais. Já no texto que abre a série, o jornal fala sobre uma “inevitável tendência” que parece ter vindo por tempos duradouros. A reportagem fala sobre casos de pessoas que se veem sem alternativa, já que achar um trabalho fixo e digno, com bom pagamento, tem se mostrado cada vez mais desafiador. Além de trazer exemplos de trabalhadores, o texto analisa até que ponto a troca de um emprego formal por pequenos bicos é mesmo uma escolha individual ou apenas a única alternativa para cada vez mais chineses. Passe um cafezinho e leia. 

Não é de hoje que segurança alimentar gera notícia e preocupação na China. Um caso recente envolve nada mais nada menos do que o óleo de cozinha, produto muito usado na gastronomia do mundo, e sobretudo chinesa. O produto da marca Jinding, fabricado por um gigante conglomerado estatal, foi retirado de plataformas de comércio digital como Taobao e JD.com. A acusação é de que o óleo teria sido transportado em tanques que antes continham óleo de carvão sem que esses recipientes fossem devidamente higienizados, o que estaria potencialmente gerando contaminação do produto. O governo afirmou que investigará o caso. Na dúvida, muita gente deixou de consumir o produto e o caso está dando o que falar no país, nas redes e na imprensa estrangeira também.  

Chuvas na China e os efeitos das inundações: As fortes chuvas que atingiram a China resultaram em inundações devastadoras, especialmente nas províncias de Hunan, Henan e Shandong. Um dos casos que mais críticos foi o rompimento do dique do Lago Dongting, o segundo maior lago de água doce do país, que inundou 47 km², levando à evacuação de 7.000 moradores em Quanzhou na última semana. Embora as autoridades tenham mobilizado quase 500 pessoas e centenas de caminhões para reparar o dique, especialistas alertam para o risco de novas inundações se as chuvas persistirem. No entanto, a reação pública ao apelo por doações para as vítimas tem sido relutante. Escândalos passados envolvendo a arrecadação de fundos e a falta de transparência nas doações geraram desconfiança entre os cidadãos, levando a uma queda acentuada nas contribuições. Mesmo com o governo alocando 848 milhões de yuans para esforços de resgate, muitos se mostram hesitantes em apoiar iniciativas de ajuda humanitária.

reforma electoral en Hong Kong

Desembarque: um grupo de sete poetas brasileiros vão à China para o Festival Internacional de Poesia Jovem, que ocorrerá no final de julho. 

Livro: a jornalista Eva Dou, do Washington Post, anunciou que lançará o livro The House of Huawei no início de 2025 para contar a história da empresa e a sua ascensão a ator global.   

Podcast: no início do ano, a TAG Livros publicou uma nova edição de O Garoto do Riquixá, de Lao She – bem como um episódio do podcast sobre o livro (com spoilers). Foi uma das leituras do nosso Clube do Livro em 2022.

Chamada: a rede Observa China está em busca de especialistas residentes voluntários para participarem das atividades de pesquisa da organização.

 

O rapper Lodmemo viralizou na China e esse vídeo da Sixth Tone conversa e conta a história dele – uma criança “deixada para trás” (termo que se usa para se referir a crianças cujos pais migraram em  busca de emprego e elas ficam com os avós ou familiares), trabalhando como migrante e sua fama após lançar uma música para criticar os juízes de The Rap of China.

%d blogueiros gostam disto: