A Tencent, gigante chinesa de internet e tecnologia, está prestes a investir 150 milhões de dólares americanos no Reddit, uma plataforma estadunidense de agregação de notícias e fóruns de discussão aberta. A notícia não caiu bem aos olhos dos usuários do Reddit — ou Redditors, para os íntimos —, que temem que, dada a magnitude do investimento, a censura chinesa passe a operar também no site. Como resultado, vários posts com conteúdos críticos à China inundaram os principais grupos da plataforma, como referências aos protestos pró-democracia da Praça Tiananmen em 1989 e à figura política de Xi Jinping. Outros usuários, porém, mantiveram-se calmos e lembraram que o investimento da Tencent não a trará sequer perto do controle majoritário do Reddit e que, portanto, a rede deve continuar operando dentro de seus parâmetros atuais.


Já postamos no Twitter, mas a famosa Blackwater, a empresa de segurança privada estadunidense que atuou no Iraque e Afeganistão (e envolvida em diversas questões polêmicas de pouca regulação e comportamento indevido), está expandindo seus negócios para Xinjiang.


O ótimo blog Chublic Opinion publicou um texto sobre o crescimento de pessoas não-acadêmicas escrevendo na internet chinesa sobre desenvolvimento. Os chamados development bloggers são cidadãos comuns (mas ainda membros da elite que frequenta universidades) que começaram a discutir frequentemente sobre o desenvolvimento de uma nação e ascensão de grandes potências. Muitas vezes embebidos em nacionalismo, as discussões apresentam o que seriam soluções para o crescimento chinês, do ponto de vista de “espaço para desenvolvimento” na região e no mundo. Além de discussões interessantes, muitos desses blogueiros afirmam que existem pessoas de alto nível no Partido que estão lendo o que eles escrevem.


Sob o pretexto de uma maior abertura ao mercado financeira mundial, a China está flexibilizando as regras que impõem limites aos investimentos internacionais no país. Para alguns analistas, porém, a medida é, na realidade, um indicador de que Pequim precisa de um maior influxo de capitais de modo a contrabalancear as dificuldades impostas pela desaceleração da economia chinesa e pela guerra comercial com Washington. As mudanças são esperadas há anos, mas chegam em um mau momento e é provável que, por si só, não sejam suficientes para restaurar a atratividade do Império do Meio aos investidores estrangeiros.

Por muitos anos, empréstimos internacionais lastreados por reservas de petróleo foram uma maneira eficiente de Pequim reforçar relações diplomáticas positivas com vários nações e, ao mesmo tempo, garantir o ingresso de grandes quantidades da substância no país. A expressiva flutuação dos preços internacionais do petróleo, porém, somada à instabilidade de alguns dos regimes que mais se engajaram com essa modalidade de crédito tornaram a estratégia muito menos atrativa nos dias de hoje. O caso da Venezuela, por exemplo, é ilustrativo. Estima-se que as dívidas de Caracas com os chineses passem dos 20 bilhões de dólares americanos, mas nem mesmo as gigantes reservas petrolíferas do país sul-americano podem garantir que o valor será eventualmente quitado — especialmente dado que o caráter legal dos tais empréstimos-por-petróleo é, no caso venezuelano, pouco claro.


Os ônibus elétricos chineses chegaram à América Latina. As cidades de Santiago (Chile), Medellín, Cali (ambas na Colômbia) e Guayaquil (Equador) encabeçam o projeto, que também deve trazer ônibus elétricos para São Paulo, Buenos Aires, Montevidéu e São José. A empresa dominante é a BYD, sigla para Build Your Dreams, que também atua na Espanha, França, Austrália e Estados Unidos. O South China Morning Post fez um vídeo por dentro da fábrica da corporação em Shenzhen.


Um relatório recente do Serviço Europeu de Ação Externa, ligado à União Europeia, alegou que há centenas de espiões russos e chineses trabalhando em Bruxelas. As autoridades por trás da afirmação aconselharam diplomatas da UE a se manterem vigilantes e a evitarem frequentar determinados lugares públicos em algumas regiões da cidade. Em resposta, a Missão Chinesa à União Europeia declarou estar chocada com a alegação, classificando-a como absolutamente sem fundamentos. “A China sempre respeita a soberania de todos os países e não interfere nos assuntos internos de outras nações”, disse em comunicado oficial. “Pequim está comprometida em manter relações saudáveis e estáveis com a União Europeia, e tanto a China quando as relações sino-europeias devem ser tratadas de maneira objetiva e justa”, completou.

Não tem sido um bom momento para o sistema de saúde chinês. Depois do mais recente escândalo de vacinas vencidas sendo utilizadas na província costeira de Jiangsu, a atenção se voltou nesta semana à venda de plasma possivelmente infectado com HIV. Conforme apurado pela Administração de Alimentos e Medicamentos de Xangai, uma empresa farmacêutica teria vendido mais de 12 mil unidades de um produto de plasma sanguíneo — que é uma importante substância para tratamento de doenças que afetam o sistema imunológico, como a leucemia — contaminado com o vírus.

Caso confirmado o caso, não terá sido a primeira vez em que a população chinesa fica exposta ao HIV por falta de cumprimento de regulações fitosanitárias do sistema de saúde. No início dos anos 90, mais de 600 mil pessoas foram infectadas por agulhas contaminadas pelo vírus  em centro de coleta de sangue na China central. No ocorrido, centros de coleta re-utilizavam agulhas para reduzir custos em um esquema de negócios em que pobres agricultores vendiam o próprio sangue a preço de banana para laboratórios locais, gerando grandes lucros para as autoridades de saúde e comissões generosas aos funcionários envolvidos.


Consumidores chineses estão cada vez mais preocupados com a coleta e o uso de seus dados por grandes empresas de tecnologia. Em reportagem sobre o assunto, o Slate mostra como 2018 foi um ano que o público do país levantou a voz contra o uso indiscriminado do que os seus aplicativos coletam. Com todo o desenvolvimento tecnológico chinês que envolve proteção e vigilância, como reconhecimento facial e sistemas de créditos, não é surpreendente que a discussão tenha ganhado corpo e grandes corporações da área estejam enfrentando alguma pressão pública.


As comemorações do Ano Novo Lunar (ou Festival da Primavera, 春节) são, em grande parte, a única ocasião do ano em que famílias chinesas separadas pelo êxodo rural das últimas décadas se reencontram. Em artigo da BBC, um tocante relato revela um aspecto triste do sociedade do país: isolados no interior em vilarejos semi-abandonados, idosos — muitas vezes com saúde já fragilizada e com acesso a aposentadorias módicas — seguem trabalhando em atividades fisicamente desgastantes e mal remuneradas enquanto esperam pelo único momento do ano em que poderão rever seus filhos e netos que, em busca de melhores empregos, deslocaram-se para as grandes cidades da China.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

O estilo de pintura gongbi: o estilo de pintura chinês caracterizado por linhas finas já existe há séculos, mas recentemente passou por um renascimento.

A origem de “amarelos”: um texto do SCMP discute as origens racistas do termo que define as pessoas do Leste Asiático como “amarelas”. Previamente considerados brancos, os povos da região tiveram sua denominação racial alterada por parte dos europeus a partir do século XVIII e XIX dentro do contexto de colonização e darwinismo social para categorizar e assim justificar suas dominações.

Hollywood que se cuide: estreou nesta semana The Wandering Earth (ou Terra Errante, em tradução livre), o primeiro blockbuster chinês de ficção científica de envergadura internacional. O longa, que conta a história de um futuro apocalíptico em que humanos são forçados a separar a Terra da órbita do Sol, atraiu a atenção mundial e vem sendo elogiado pela crítica estrangeira. Vale a pena ler mais sobre — e, quem sabe, ir ao cinema conferir a produção por conta própria.

Mais do que um Cartier-Bresson do Oriente: muitas vezes citado como o “Cartier-Bresson da China”, o fotógrafo Fan Ho captou com toda sua paixão e talento a beleza do cotidiano de Hong Kong do século passado. Delicie-se.

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