Já falamos aqui algumas vezes do programa espacial chinês — um desenvolvimento de dar inveja em muitos por aí. Aliás, a China pretende mandar uma sonda para Marte em 2020. A ideia parece ser a de adquirir riquezas através da exploração espacial, criando uma economia baseada nisso, como com mineração e geração de energia solar. Uma ambição que muito lembra os caminhos para a exploração do continente Antártico.


A primeira semana dos encontros da Conferência Consultiva Política Popular da China e do Congresso Nacional Popular do país evidenciaram pontos importantes do que se pode esperar da política econômica chinesa pelos próximos doze meses. Dentre os assuntos de destaque, figura o desafio em equilibrar controle da dívida pública e, ao mesmo tempo, expandir investimentos e benefícios que auxiliem a China a superar um momento de desaceleração de sua economia.

Ainda sobre as Duas Sessões, chamou a atenção a completa omissão de menções ao Made in China 2025 — principal política industrial chinesa dos últimos anos — nos discursos oficiais proferidos durante os encontros. Ao que tudo indica, o rótulo da iniciativa, que sofreu severas críticas especialmente de Washington por seu conteúdo supostamente protecionista, será reformulado de modo a torná-la mais palatável internacionalmente. Os investimentos chineses em pesquisa e desenvolvimento, porém, demonstram que a despeito de retaliações o país está longe de desistir da ambição de se tornar uma superpotência tecnológica e científica.

Apesar de estar longe, a China observa atentamente os desdobramentos da crise na Venezuela. Além de ser seu maior credor e ter o país sul-americano na lista de seus dez maiores fornecedores de petróleo, o Império do Meio vê no impasse uma janela de oportunidade para disputar a influência dos Estados Unidos na América Latina, conforme a avaliação de Willy Lam da Universidade Chinesa de Hong Kong publicada pela BBC Brasil. Chama a atenção as nuances do posicionamento chinês; se no início o apoio a Maduro parecia incontestável dado o princípio de não-interferência na política externa de outros países, aos poucos a China parece considerar a possibilidade de um regime de transição em Caracas.


Será que os países da One Belt One Road estão sendo vítimas de uma diplomacia de endividamento (debt-trap diplomacy)? Para a pesquisadora Sophie van der Meer, a resposta não é tão simples. Se, por um lado, alguns projetos no Paquistão, Malásia e Sri Lanka (com destaque para o famoso caso do Porto de Hambantota) parecem sugerir que sim, o grande gargalo de infraestrutura na África e na Ásia mais a limitada capacidade de bancos de desenvolvimento fazem da China um investidor ideal e essencial no tabuleiro. Os investimentos chineses abarcam altos riscos como poucos no mundo e são fundamentais para o próprio modelo de desenvolvimento econômico do Império do Meio. Vale pegar um cafezinho e ler o artigo completo aqui.


Donald Trump está otimista quanto a assinatura de um amplo acordo comercial com Pequim, mas os chineses ainda se mantêm cautelosos. Em editorial, o Global Timesesclarece as expectativas do gigante asiático quanta à possibilidade de pôr fim à guerra comercial com Washington: espera-se um contrato justo que atenda também às demandas chinesas — não somente as estadunidenses — e que respeita a soberania do país. Quanto tempo ainda será preciso para construir tal acordo é a pergunta que permanece no ar.


O recente acidente aéreo com Boeing 737 Max 8 da Ethiopian Airlines, saindo de Adis Abeba com destino à Nairobi, teve efeitos imediatos no setor de aviação do Império do Meio. Às 9h de domingo, a Administração da Aviação Civil da China decretou que se retirasse de circulação o modelo de Avião da Boeing envolvido no acidente até as 18h do mesmo dia.  A Indonésia seguiu o exemplo. Muito além de ter como objetivo diminuir as chances de futuros acidentes, há quem tenha visto na medida uma forma de impulsionar as vendas do Comac C919, fabricado por um estatal chinesa e com a ambição de ser uma alternativa ao Boeing 737.

Mais de trezentos milhões de dados pessoais de usuários do WeChat, QQ e Alibaba estavam expostos na internet sem qualquer tipo de segurança, segundo o hacker e pesquisador de cibersegurança Victor Gevers, da GDI.Foundation. Os dados — que continham nomes, endereços, imagens e registros de conversas — eram coletados por softwares instalados em lan houses de todo o país, um requerimento legal para este tipo de estabelecimento na China. Os softwares, no entanto, direcionavam as informações para uma grande plataforma de dados acessível a quem quisesse. Conforme o especialista, mais de quinze servidores distribuíam em seguida as informações para delegacias de polícia em diversas províncias do país.

E a história não para por aí: uma outra base de dados também descoberta e divulgada por Gevers continha informações pessoais de quase 2 milhões de mulheres chinesas, incluindo uma classificação de acordo com o status reprodutivo — fértil ou não — de cada uma delas. Em tempos de envelhecimento da população chinesa e de incentivosgovernamentais por maiores taxas de natalidade, não há como não ficar consternado.


Em relato detalhado e fascinante sobre a história da ciência na China, Yangyang Cheng conta como dominar um segundo idioma, hoje o inglês, é parte não apenas necessária no sentido profissional para alguém que trabalha com pesquisa. Yangyang cursou doutorado na área de Física nos Estados Unidos e, em seu artigo, interliga as questões culturais, política e inclusive geopolíticas do estudo da ciência na China moderna com o aprendizado de uma outra língua.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Sem festas: Enquanto é época de Carnaval no Brasil, começou a sessão do legislativo chinês em Pequim, que dura duas semanas. Ao contrário do que está rolando na terra da purpurina, existe uma certa proibição de bares e danceterias fazerem festas durante o período na China. A ideia é não causar distrações.

Linguagens: Sabe o filme “A Chegada” (Arrival, de 2016)? Ele aborda questões de linguagem e comunicação entre terrestres e alienígenas, e como isso interage como nossa maneira de pensar. Aparentemente, essa discussão também era parte do neo confucionismo, durante a Dinastia Ming (séc. XVI).

Indústria cultural: A China tem a segunda maior indústria cultural do mundo. O SupChina puxou para dentro do seu grupo um podcast – Middle Earth – focando neste tópico. Já saíram oito episódios, que são mensais.

SXSW 2019: tem banda chinesa chacoalhando os esqueletos no South by Southwest Festival (SXSW) deste ano. O RADII China fez uma playlist com os nomes. Bom para se despedir do período carnavalesco com estilo.

Para se inspirar: uma lista com as mulheres que mais marcaram a China moderna.

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