Para Marte e além: parece ser esse o lema do governo chinês. Até agosto de 2020 (ano que vem!), o pessoal da República Popular da China quer explorar o planeta vermelho. É uma tarefa difícil — mais da metade das missões enviadas para Marte não tiveram sucesso. Quer analisar onde a China pretende estacionar? Tem um artigo para os (as) mais nerds de plantão. Pois é, amigos, no aniversário de 50 anos após a chegada do homem à Lua, a China está correndo a passos largos para ser a próxima potência espacial.


A China é o país mais populoso do mundo, correto? Hm… Talvez não. Em peça de opinião no South China Morning Post, Yi Fuxian alerta para a possibilidade de que os dados demográficos do Império do Meio apresentem informações falsas sobre a dimensão da população do país. Os números reais, para Yi, devem estar na casa de 115 milhões de pessoas abaixo dos apresentados pelo governo central chinês — o que daria à Índia o título de nação mais populosa do planeta. Mas qual a razão da adulteração? Do lado das províncias, inflar o dado leva a um acréscimo nos subsídios de educação recebidos do governo central. Já para Pequim, mascarar os dados seria uma maneira de esconder os efeitos catastróficos de décadas de vigência da política do filho único.


Após os protestos em massa do último mês, que levaram à retirada da proposta de lei que estabelecia um acordo de extradição com Pequim, oficiais da China continental responsáveis pelos assuntos de Hong Kong trabalham em uma nova estratégia para resolver a crise política que tomou conta da cidade. O desafio, agora, é encontrar uma abordagem que, no curto prazo, possibilite dar um fim às turbulências das últimas semanas, e, no longo, um melhor controle do governo central chinês sobre a ex-colônia britânica. Uma intervenção militar, é importante notar, parece estar fora de questão.

Ainda sobre a situação em Hong Kong, a polícia local está utilizando tecnologias de reconhecimento facial para identificar mais de 700 manifestantes que tomaram parte nos protestos das últimas semanas na cidade. Fontes próximas ao assunto revelam que a maior parte dos alvos está abaixo dos 25 anos — alguns sequer são maiores de idade — e muitos já podem ter deixado a região administrativa especial. O governo de Taiwan, por sua vez, afirmou que oferecerá apoio aos refugiados provenientes de Hong Kong. A declaração, é claro, arrisca despertar a fúria de Pequim.

geopolítica da Inteligência Artificial é o tema de um artigo no blog da revista Scientific American. O autor, Abishur Prakash, é um futurista geopolítico e usa a sua formação para discutir sobre o que ele argumenta ser a maior disputa por poder no globo desde a Segunda Guerra Mundial. E é uma disputa que vai além de China e Estados Unidos, incluindo também países como Rússia, Israel, Japão e Índia.


O pequeno país que tem o único posto militar chinês fora do território da RPC é o Djibouti, na região conhecida como Chifre da África. Lá também ocorre o lançamento de uma nova zona de livre comércio, com muitos empréstimos e investimentos. O jornal The Globe and Mail fez uma matéria sobre a questão, o contexto regional, e como o pequeno país está se impondo em relação ao gigante chinês para manter o seu poder decisório — mesmo devendo dinheiro.


 O crescente investimento chinês no Camboja tem preocupado a pequena população de Sihanoukville, localizada no Sul do país, a 3.500 km de Pequim. Empresas chinesas estão sendo acusadas de importar trabalhadores chineses, não respeitar as leis trabalhistas locais e construir obras de infraestrutura de qualidade duvidosa — dada a recente queda de um prédio de uma construtora chinesa na cidade. Críticas semelhantes já foram feitas à China em outros países. O receio para o caso do Camboja, no entanto, é o de possíveis atos violentos contra chineses — em paralelo aos protestos violentos contra tailandeses em 2003 no país.

Além dos protestos em Hong Kong, no final de junho, diversas pessoas tomaram as ruas da cidade de Wuhan, no centro do país, para protestar contra a instalação de um incinerador de lixo. Já falamos aqui sobre os problemas de tratamento de lixo nas cidades chinesas, e o incinerador foi uma das soluções encontradas pelo governo — além de lidar com o lixo, também produz energia. Contudo, a ideia era construí-lo a apenas 800m de uma zona residencial, além da criação da empresa ter sido apenas alguns dias antes da licitação ser lançada. A comunidade reclama da falta de transparência do projeto, bem como da não participação local. A pressão funcionou: agora o projeto está em análise novamente, com promessas de consulta pública.


A equipe da newsletter aqui é entusiasta, junto com todos os hipsters chineses e estrangeiros residentes da República Popular. Feiyue é a marca de tênis de Kung Fu (os monges shaolin usam de verdade!) que virou queridinha — a gente viu crescer a olhos nus. A história da marca incorpora diversas questões interessantes: foi fundada em Xangai, mas um francês descobriu a marca e a registrou na França — onde a Feiyue original agora não pode vender — na longínqua época de início de discussão de propriedade intelectual no país. Alguns diriam que é vingança pelos famosos produtos made in China, mas a gente achou injusto. Obs.: dá para comprar um par clássico no bairra da Liberdade, em São Paulo.

Aliás, quer saber mais sobre marcas chinesas? Aqui tem uma lista de cinco marcas de fast fashion do país e que, provavelmente em breve, devem se tornar globais.


A China contemporânea não está ajudando as mulheres. Em outra edição, falamos sobre a nova lei para evitar discriminação de gênero nas entrevistas de emprego no país. A jornalista Amy Qin, correspondente do The New York Times em Pequim, escreveu dois textos interessantes sobre essa questão. O primeiro trata do ambiente de trabalho, das penalidades e discriminações que ocorrem normalmente, e como isso afeta a desigualdade de renda entre homens e mulheres — mesmo porque as propriedades estão normalmente no nome dos homens. Antes a China era uma campeã da participação feminina no mercado de trabalho, hoje as coisas mudaram. O segundo fala sobre o controle da narrativa e a experiência de Qin entrevistando mulheres chinesas.


Durante a última semana, uma onda de hostilidades a estudantes estrangeiros tomou conta das redes sociais chinesas. O assunto (que já dominou os debates online no Império do Meio em outras ocasiões) foi reacendido pelo suposto tratamento preferencial dispensado a alunos internacionais através de um programa de apadrinhamento na Universidade de Shandong, no Leste chinês. Além disso, outro caso recente — um incidente de trânsito na cidade de Fuzhou envolvendo um estrangeiro que não resultou em qualquer punição legal — alimentou o furor quanto ao favoritismo que muitos chineses parecem ver na maneira como estrangeiros são tratados no país.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

O Rio Longo: a fotógrafa sino-britânica Yan Wang Preston capturou, em um projeto de quatro anos, os mais de 6 mil quilômetros do Rio Yangtze — o maior da China e entre os mais longos do mundo. Imperdível.

China Tech: o podcast bisemanal do RADII (Digitally China) traz Tom Xiong e Eva Xiaodiscutindo quais são as diferenças entre trabalhar no setor de tecnologia na China, em oposição a nos EUA ou Europa do ponto de vista de recursos humanos. Como os novos talentos são escolhidos? E qual a diferença entre o processo de recrutamento de firmas multinacionais para as chinesas?

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