O governo central irá impor sanções a cinco ONGs estadunidenses em Hong Kong, conforme anunciado por um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores da China. Após a assinatura da “Lei de Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong” pelo presidente Trump, Pequim reagiu imediatamente repudiando a ação e alegando que as ONGs National Endowment for Democracy, National Democratic Institute, International Republican Institute, Human Rights Watch e Freedom House estariam envolvidas com a recente escalada de violência na cidade e fornecido suporte logístico aos protestos. Vale acompanhar os desdobramentos e analisar como algo semelhante pode acontecer em Xinjiang.


As exportações chinesas caíram pelo quarto mês consecutivo em novembro. O resultado ressalta a pressão gerada pela guerra comercial sino-estadunidense e pela desaceleração da economia da China sobre as indústrias do país. Um discreto crescimento de 0,3% nas importações em comparação ao ano passado, porém, aponta para a possibilidade de fortalecimento da demanda doméstica — prognóstico otimista reforçado pelo inesperado aumento da atividade fabril chinesa, como comentamos na semana passada. Vale lembrar que, apesar do cenário difícil, Pequim se mantém firme em sua rejeição de políticas monetárias mais agressivas. “Não permitiremos que o dinheiro do povo chinês perca seu valor”, declarou recentemente Yi Gang, diretor do Banco Central da China.


Na parada militar do dia 1 de outubro, em ocasião do aniversário de 70 anos da formação da República Popular da China, um então ainda anônimo sistema de foguetes de lançamento múltiplo (MLRS, do inglês) desfilou pelas ruas de Pequim. O armamento, agora identificado sob o nome PCL191, é capaz de carregar oito mísseis e lançá-los a uma distância de até 350 quilômetros. Um relatório do PLA Daily confirmou a presença de um dispositivo semelhante (não se sabe se exatamente o mesmo) em Huzhou, na província de Zhejiang — o ponto mais próximo de Taiwan na China continental. A informação, é claro, agita os nervos entre Pequim e Taipei e reforça o temor de uma solução violenta para a tensão histórica entre o continente e a ilha.

Na última sexta-feira (06), Donald Trump foi ao Twitter pedir que o Banco Mundial pare de emprestar dinheiro à China. A declaração veio um dia após a organização financeira internacional anunciar um plano para auxiliar Pequim com empréstimos anuais de até 1,5 bilhão USD até o ano de 2025. “A China já tem muito dinheiro, e se não tem, ela o cria. Parem!”, completou o presidente estadunidense. Em posterior comunicado, o Banco Mundial afirmou que os empréstimos da organização para os chineses caíram acentuadamente, movimento natural conforme países ficam mais ricos. Porta-vozes da Casa Branca se negaram a comentar sobre o assunto.


Semana passada falamos do projeto de lei que o Legislativo nos EUA estava analisando em relação às sanções impostas à China por sua resposta aos protestos em Hong Kong. Virou lei (falamos ali em cima). Pode prolongar ainda mais a resolução da guerra comercial. A Comissão de Relações Exteriores do parlamento da Itália aprovou uma resolução para pedir à União Europeia lançar uma investigação sobre o uso da força policial na ilha. O governo chinês segue pedindo aos países que parem de interferir em assuntos domésticos.


Já abordamos em diversas ocasiões a crise suína chinesa aqui na Shūmiàn. A situação, que já era grave, vem ganhando uma nova dimensão: sem estoques para satisfazer sua própria demanda por carne de porco, a China busca em outros países alternativas de proteína animal que possam acalmar os ânimos domésticos. E a tsunami chegou ao Brasil. Para suprir a voracidade dos compradores chineses, as exportações brasileiras de carne bovina ao gigante asiático dispararam — de outubro para setembro, as vendas cresceram 65%. O resultado? Além de churrascos mais caros, mais pressão para expandir as áreas de criação de gado no Brasil. 


A China acaba de estabelecer com o Suriname o nível de parceria estratégica em suas relações diplomáticas — a mais alta possível. O anúncio se deu quando da visita do presidente Desire Bouterse à Pequim. Com isto, o Suriname torna-se um aliado estratégico na comunidade caribenha para a expansão da BRI na região.

A Huawei está em maus lençóis na internet chinesa (e não, não é por causa da guerra comercial). O motivo? A líder da tecnologia 5G no mundo acusou um funcionário de crimes como extorsão e corrupção. A acusação levou Li Hongyuan, que trabalhou na Huawei por 12 anos, à prisão por 251 dias, e detalhe: sem nenhuma evidência. Tudo começou em janeiro de 2018, quando Li percebeu que seu departamento estava inflacionando os resultados das vendas. Após meses de negociação, Li saiu da empresa e recebeu em sua conta bancária 300.000 yuan da conta pessoal de uma de suas secretárias — o que ele acreditava ser o valor de sua indenização. Ledo engano. Alguns meses depois, a própria empresa o acusou de extorsão, e disse aos quatro ventos que o dinheiro vinha, na verdade, de ameaças que Li havia feito a gerentes caso eles não parassem de inflar os números. Conversa vai, conversa vem, Li foi liberado no último final de semana após oito meses preso.

O caso causou repulsa entre os chineses, que enxergaram em Li uma situação muito corriqueira no país: devoção total à empresa e zero direitos. “Eu amo a China, mas não a Huawei”, “Todos nós podemos ser o próximo Li Hongyuan a qualquer momento”, disseram alguns internautas.


De tempos em tempos se fala como insetos podem ser a próxima fronteira para segurança alimentar na China e no mundo. E se eles também fossem aliados para lidar com lixo? Essa é a mais recente aposta de alguns complexos comunitários em Pequim, onde larvas estão sendo usadas para processar lixo úmido. Após a coleta seletiva, o lixo úmido — materiais orgânicos, como restos de comida, cascas de frutas, legumes e folhas) — é destinado a um prédio de 10m² onde é digerido por mais de 10.000 larvas. No oitavo dia, os excrementos produzidos pelas larvas são então usados como fertilizante ou convertidos em ração para peixe. A iniciativa parece ser promissora, visto que as larvas não causam doenças e produzem agentes antimicrobianos úteis para a produção de medicamentos tópicos. O problema, no entanto, é tornar esse empreendimento economicamente viável.


Os resultados do exame PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, do inglês) deram o que falar no Brasil — não positivamente. Saíram algumas comparações na mídia brasileira sobre os baixos índices brasileiros em relação à China, que ficou entre as melhores notas. É bom lembrar deste texto (de 2013) da Brookings sobre como os alunos chineses são selecionados para fazerem a prova. Especialistas chineses estão concordando: as províncias e cidades selecionadas para participar são as mais ricas do país e não são representativas da China como um todo.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Música: hora de entrar na cena eletrônica do Império do Meio com a Lie Gramophone e seu clássico 分手夜 (Break-up Night).

Procurando Winnie: a história de uma chinesa que foi morar nos EUA e retornou à China para buscar a sua irmã, Winnie, muitos anos depois. O relato dela é praticamente um filme noir, em que as mudanças do país são pano de fundo do caso.

Um pouco mais acadêmico: um artigo acadêmico sobre o papel do governo chinês em incentivar a inovação no país.

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