A preocupação do governo chinês cresceu com o aparecimento de 50 novos casos na cidade de Harbin, capital da província de Heilongjiang, a nordeste de Pequim e na fronteira com a Rússia. Os casos primeiramente foram importados do país vizinho, mas já são mais de 520 com transmissão local na província, que tomou providências de distanciamento social e puniu autoridades relapsas com o controle. O impressionante Festival de Gelo e Neve da cidade acontece em janeiro e fevereiro, já que a temperatura pode chegar a -35 graus. Em 2020, o festival foi encerrado prematuramente, por causa das restrições em multidões. Enquanto isso, um proeminente médico chinês, Zhang Wenhong, alertou para como prevenção e controle de epidemias devem ser parte dos planos de normalização dos países.


As gigantes de tecnologia chinesa, como Huawei, OPPO e Xiaomi, já estão com o pé no acelerador para retomar as atividades econômicas pós pandemia no país. Contudo, em Wuhan, as atividades das empresas de tecnologia estão bem lentas. No ritmo de movimentar o crescimento, economistas chineses alertaram o governo de que os estímulos normais de infraestrutura e indústria pesada (áreas principais de atuação das empresas em Wuhan) não necessariamente serão a solução e é preciso pensar num modelo mais sustentável. Ao mesmo tempo, há uma preocupação perene com uma “desglobalização”. Para explorar mais a questão, leia o relatório da Macropolo sobre o segundo trimestre (abril-junho) de 2020 da economia chinesa.


O ICBC, maior banco do mundo em ativos, publicou nesta semana um whitepaper sobre o uso de blockchain no mundo financeiro. O banco chinês vem pesquisando desde 2016 como integrar blockchain com o uso de 5G e Internet das Coisas (IoT, em inglês). Em tempos de COVID-19, o ICBC tem rastreado transações e doações feitas à Cruz Vermelha Chinesa com tecnologia blockchain – e deve adotar a prática para demais instituições de caridade. Você pode dar uma olhada no whitepaper aqui (em chinês).

Curiosamente, o relatório foi lançado alguns dias depois de o Banco Popular da China ter anunciado a primeira moeda digital do país, a ser usada em 2022 nas Olimpíadas de Inverno em Pequim. Por enquanto, ela vai rodar em quatro cidades (Shenzhen, Chengdu, Xiong’an e Suzhou), será emitida pelo Banco Central chinês para bancos comerciais, e empresas estrangeiras, como Starbucks e McDonald’s entraram na lista de quem vai poder usar no futuro. A moeda, DCEP (Digital Currency Electronic Payment), adotada por uma economia do tamanho da China é uma importante mudança no cenário.

Após o recente agravamento do quadro de saúde de Kim Jong Un, fontes indicam que a China teria despachado um time de oficiais e especialistas médicos para acompanhar o caso do líder norte-coreano de perto. Na última semana, diferentes portais de notícias e informantes trouxeram à tona rumores que de Kim estaria em estado grave após uma operação cardiovascular mal-sucedida. A decisão de Pequim não surpreende: a China é a principal aliada da Coreia do Norte e importante pilar de sustentação econômica de um país atingido severamente por diversas sanções das Nações Unidas.


Há menos de duas semanas, o governo dos Estados Unidos oficializou a suspensão de fundos à Organização Mundial da Saúde. O país, que é o principal financiador da instituição, acusou-a de ter contribuído com o suposto esforço de encobrir a gravidade do surto do novo coronavírus na China. Não demorou muito para Pequim responder: na última quinta-feira (23) os chineses anunciaram uma doação de 30 milhões de dólares à OMS, que se somam aos 20 milhões já doados em março. De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, o dinheiro deve ser usado para apoiar a luta global contra a COVID-19 e fortalecer os sistemas de saúde de países em desenvolvimento.


No ano passado, o governo do Kiribati, pequena nação na região central do Oceano Pacífico, abandonou seus laços oficiais com Taiwan e estabeleceu relações diplomáticas com a República Popular da China. A decisão foi bem-recebida, é claro, por Xi Jinping, que parabenizou o país por se colocar “no lado certo da história”. O reposicionamento, porém, pode estar com seus dias contados: em meio a críticas de oficiais insatisfeitos, o presidente kiribatiano perdeu, na última quarta-feira (22), a maioria no parlamento do país. Com a mudança, fortalece-se o movimento de retorno ao alinhamento com os taiwaneses, possivelmente enfraquecendo o crescente movimento de expansão de Pequim na região.


A semana foi de muita discussão na internet chinesa após a WWF liberar um vídeo relacionando o desmatamento na Amazônia com o crescente consumo de carne na China. Em questões de horas, milhões de jovens chineses deixaram comentários negativos na plataforma Bilibili (a grosso modo, o “Youtube chinês”) criticando o posicionamento da WWF. “Faz poucos anos que temos carne para comer e fomos nós que prejudicamos o planeta?” – perguntou um internauta. Para piorar a situação, a empresa responsável pela produção do vídeo havia postado conteúdos antigos em que Taiwan não estava claramente visível como parte integrante da China.


Um relatório produzido por Matt Schrader, da Alliance for Securing Democracyanalisa a influência do governo chinês em democracias liberais ao redor do mundo. Segundo o texto, o Partido Comunista chinês operaria no exterior focando em unir aliados e isolar inimigos, fazendo isso com coerção econômica para silenciar críticos no exterior, expandindo a venda de tecnologia de vigilância para aliados, cooptando elites e usando um discurso de solidariedade étnica com a sua diáspora para “dominar a narrativa” da sua presença global.

Falamos no podcast sobre o papel da tecnologia no novo normal pós pandemia. Importantes discussões sobre o uso de passes de imunização e emissão de códigos estão acontecendo em diversos países. A China tinha sido precursora, criando códigos em cor emitidos num aplicativo da Alipay, que foi recebida com críticas (de arbitrariedade) e elogios (menos invasivo do que tirar temperatura o tempo todo). A própria OMS alertou que mais pesquisas precisam ser feitas sobre a questão de re-contágio antes de essas políticas serem adotadas em massa.

Mas as discussões éticas ainda seguem, especialmente porque alguns órgãos governamentais, de diferentes níveis, andam pedindo acesso a dados de empresas privadas de telecomunicações. De modo geral, a coleta de informações não está tão avançada, usando o bom e velho questionário – especialmente em regiões com pouca capacidade tecnológica ou burocrática. Vale ler a matéria do Financial Times sobre a questão.


Na última quinta-feira (23), Xi Jinping aproveitou as celebrações do Dia Mundial do Livro para divulgar uma lista com suas leituras favoritas. Cobrindo áreas desde filosofia e economia à literatura chinesa e estrangeira, Xi surpreendeu com algumas de suas escolhas, como o clássico liberal A Riqueza das Nações, de Adam Smith, e o controverso Ensaio Sobre o Princípio da População, de Thomas Malthus. Vale notar, ainda, que todos os 66 livros da seleção foram escritos por homens.

Interessado(a) em uma lista mais diversa e, ousamos dizer, também mais atualizada? Visite nossa página no Twitter para conferir uma compilação de todos os livros que já indicamos aqui na Shūmiàn. Modéstia parte, está imperdível. Inspirou-se em desbravar com mais profundida a literatura chinesa? Aproveite esse curso online da Universidade de Harvard para explorar visões diferentes sobre a China através do trabalho de cinco grandes autores do país.


Ainda que lentamente, tem crescido na China o número de mulheres que querem passar o sobrenome da própria família aos filhos, em vez de aceitar de cara o sobrenome  do pai. De acordo com as leis chinesas, uma criança pode ter o sobrenome de um dos pais – mas é de praxe que o sobrenome dos homens prevaleça. O impacto que isso cria na vida de mulheres chinesas em áreas rurais não é desprezível: homens herdam a herança da família porque são eles quem detém o nome da família. Em longo prazo, a prática ajuda a sustentar desigualdades de gênero em diferentes níveis. Saiba mais aqui.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Baidu it: quais foram as principais buscas no Baidu durante a pandemia? Crise como oportunidade, comida típica de Wuhan, transmissão assintomática e mais.

Alimentação: vídeo sobre os hábitos alimentares dos chineses feito pelo pessoal do excelente GoldthreadImperdível.

Enfrentando a tempestade: registros fotográficos impressionantes da Unidade de Tratamento Intensivo de um hospital em Wuhan durante o ápice da epidemia do novo coronavírus na cidade.

Evento online: a Macropolo vai realizar um webinar no dia 30 de abril, às 13h (horário de Brasília), para discutir o futuro da economia chinesa e se vai ter espaço para maior foco em sustentabilidade. Inscrições aqui.

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