Monitoramento de emissões de carbono e contraposição do G7
Pequim lança barômetro de emissões de carbono para medir o desempenho climático de cada província e chamar atenção das “infratoras ambientais”. O sistema foi elaborado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês) e já produziu algumas avaliações: cerca de 66% das regiões não atingiram as metas climáticas para os primeiros meses de 2021, com os piores resultados encontrados em Zhejiang, Yunnan, Guangdong, Ningxia e Xinjiang, como noticiado pela Reuters. Você pode dar uma olhada no barômetro aqui (em mandarim) e ver a atuação de cada província em relação às duas metas mencionadas, com a cor vermelha simbolizando que a região excedeu em 10% ou mais o limite de emissões, laranja para resultados que ultrapassaram menos de 10% e verde para as províncias que cumpriram seus objetivos, de acordo com o Carbon Brief.
Para quem não se lembra, as metas em questão foram estabelecidas no 14º Plano Quinquenal e estipulam, dentre outras coisas, a redução do consumo de energia e emissões de CO2 por unidade do PIB em 13,5% e 18%, respectivamente.
Fake it till you make it? No mês de junho a Huawei finalmente apresentou a primeira versão estável de seu aguardado sistema operacional próprio, o Harmony OS (ou HongmengOS, em mandarim). Mais do que concorrer com os sistemas Android e iOS, o objetivo da Huawei é contornar sanções estadunidenses na área de hardware e software — impostas em 2019 e que causaram grande impacto nas vendas. Porém, já em fevereiro, um observador atento do site Ars Technica notou similaridades muito grandes com o Android, indicando que o sistema talvez não seja tão inovador quanto o anunciado. Embora o código do Android seja open source, a marca é de propriedade da Google, o que pode explicar a falta de atribuição. O sistema Harmony OS foca em dispositivos móveis e tem várias patentes relacionadas a automóveis — o que também gerou especulações sobre o lançamento de carros inteligentes pela Huawei.
Em mais um capítulo do fechamento de cerco contra as criptomoedas, o governo chinês anunciou na última quarta-feira (9) uma ação para desmantelar mais de 170 grupos criminosos envolvendo uso ilícito do meio. Segundo o Ministério de Segurança Pública, a ação teria levado à prisão de 1.100 pessoas suspeitas de terem taxado clientes entre 1,5% e 5% para converter fontes ilegais de dinheiro em criptomoedas.
Uma estreia de sucesso. Esta é a expectativa de um eventual IPO (abertura de capital) da Didi Chuxing na Bolsa de Nova York. A empresa chinesa, que no Brasil é a dona da 99, pediu para ser listada na bolsa estadunidense na semana passada. A expectativa, segundo esta reportagem do The Wall Street Journal, é de que a oferta pública inicial da empresa de transportes por aplicativos seja a de maior valor deste ano. Há uma estimativa entre analistas de mercado de que o valor da Didi esteja acima de US$ 70 bilhões (cerca de R$ 357 bilhões). Apesar disso, a empresa amargou perdas em meio à pandemia e está entre as techs na mira da regulação de Pequim, como contamos aqui.
O inferno astral da Tesla na China continua. Depois de ter seus carros bloqueados para compras para fins militares no país, a empresa fundada por Elon Musk parece seguir em baixa entre os chineses. Desta vez, a Tesla ganhou forte exposição nas redes sociais com netizens dizendo terem sido ameaçados de processo após fazerem postagens negativas sobre a companhia. O tema é abordado nesta reportagem do Financial Times, em que blogueiros relatam que a recém-criada conta da Tesla no Weibo (rede social equivalente ao Twitter) tem sido usada para intimidar críticos da empresa. A Business Insider também tratou sobre o tema, citando o FT, e dizendo que alguns dos usuários, depois de se sentirem ameaçados de se tornarem alvo de processos, chegaram a usar outras redes sociais para se desculparem com a empresa de Musk. Se você não lembra do que está acontecendo com a Tesla na China, deixamos este link aqui para você reler o que contamos em uma edição recente.
Melhor prevenir… nesta sexta-feira (11), foi anunciado que a indústria cinematográfica em HK deverá seguir novas regras de aprovação que levem em conta a Lei de Segurança Nacional. Essa mudança dá continuidade a uma série de episódios que comentaristas percebem como ataques à liberdade política e de imprensa em Hong Kong.
China estreita cada vez mais as relações comerciais com o Brasil. É o que deixou claro um relatório divulgado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Segundo o órgão, o país asiático não apenas se manteve como líder das importações brasileiras em 2020 como também ampliou sua liderança, chegando a 21,9%. A Agência Brasil lembra que, nos últimos 15 anos, a China passou de 8,6% de participação das compras brasileiras para o patamar atual, um salto, em especial se comparado com o segundo e terceiro colocados (União Europeia e EUA). O documento mostra ainda que a China, além de ganhar mais espaço, passou a vender produtos mais sofisticados para o público brasileiro.
O verão chegou no hemisfério norte, mas o clima entre China e EUA segue frio. É isso que se pode dizer da conversa por telefone na semana passada entre o chinês Yang Jiechi e Antony Blinken, secretário de estado dos EUA. Yang é diretor da Comissão Central de Relações Internacionais do PCCh, além de alta autoridade para assuntos estrangeiros do país. No segundo telefonema deste ano, os dois trataram de temas espinhosos como a questão da origem do coronavírus, Taiwan e Hong Kong. Pelo resumo da imprensa internacional, haveria uma tensão no ar. A Reuters, por exemplo, intitulou sua matéria com a afirmação da China de que seria absurda a hipótese de vazamento de laboratório e com os EUA cobrando mais transparência na investigação da origem do vírus.
Temas como o tratamento da minoria uigur, na província de Xinjiang, não ficaram de fora. Sobre esse assunto, aliás, recomendamos este perfil de Chen Quanguo, secretário do PCCh em Xinjiang, feito pelo The Diplomat. O texto aborda a possibilidade de ele ser promovido dentro do partido em reconhecimento por seus serviços na região. Ainda sobre Xinjiang, uma reportagem sobre prisões de muçulmanos na região autônoma garantiu ao BuzzFeed o prêmio Pulitzer, anunciado semana passada.
Unidos contra a China? A semana passada foi marcada por uma série de ações de países do Norte Global a respeito do gigante asiático. Depois de o Senado dos EUA ter aprovado na terça (8) uma lei para fazer frente à competitividade com a segunda maior economia global, líderes do G7 anunciaram no sábado (12) um plano para se contrapor globalmente à ascensão da China. Os sete países mais industrializados do mundo se comprometeram a investir em infraestrutura mundo afora, em especial em nações mais pobres, e falaram em prevenir futuras pandemias.
Apesar de o tema pandemia entrar em pauta, houve críticas sobre o G7 não debater a desigualdade na distribuição de vacinas pelo mundo, já que a imunização é vista como única medida eficaz de pôr fim à circulação do coronavírus. Isso aparece neste fio no Twitter. Sugerimos ainda um texto do pesquisador Oliver Stuenkel, da FGV, publicado na Foreign Policy. Ele trata da importância da diplomacia da vacina promovida pela China para países latino-americanos. E como nem tudo é para ser só tão sério, confira aqui como a união do G7 contra a China virou meme.
Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Na última quinta-feira (10), o Comitê Permanente do Congresso Popular Nacional aprovou uma lei que prevê medidas retaliatórias contra indivíduos e organizações que imponham ou colaborem com sanções ao país. Esta matéria do South China Morning Post discute a possibilidade de empresas terem de escolher lados nas disputas político-comerciais: se cumprirem sanções impostas pelos EUA, podem ser processadas na China e, se cumprirem a legislação chinesa, podem ser proibidas de transacionar com parceiros estadunidenses.
A grande muralha… nigeriana? É isso mesmo. De acordo com uma reportagem da Fundação para o Jornalismo Investigativo, o governo da Nigéria estaria interessado em construir uma espécie de “Grande Firewall” no país, tal como na China (sobre a qual já comentamos por aqui). A Autoridade Ciberespacial da China teria sido contatada por representantes do governo federal nigeriano para discutir a possibilidade após o recente banimento do Twitter no país africano. O governo da Nigéria, no entanto, negou a existência de um projeto com esse teor. Já a mídia local ressaltou que, mesmo que haja a intenção de controlar a internet do país, isso não deve acontecer devido aos altos custos dessa empreitada.
Falando em relações China-Nigéria, esta semana entrou em operação no país africano uma ferrovia de 157 km construída pela China nos marcos da Iniciativa Cinturão e Rota. O trecho une as cidades de Lagos e Ibadan, que são, respectivamente, os maiores centros populacionais e industriais do país. Você pode conferir a inauguração neste vídeo.
Aconteceu na última segunda-feira (07) a primeira reunião presencial entre China e os países membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês). Ocorrida em Chongqing, trata-se do primeiro encontro desde o início da pandemia. O evento marcou os 30 anos das relações de Pequim com o bloco e contou com a presença dos ministros das relações exteriores dos 11 países. A cooperação no combate à pandemia e na vacinação e a reabertura de fronteiras foram alguns dos principais temas do encontro, que também tocou em questões espinhosas como a situação política em Myanmar e as disputas no Mar do Sul da China, conforme relata o The Diplomat. Na terça-feira, representantes dos países da bacia do rio Mekong permaneceram na cidade para debater medidas de recuperação econômica e desenvolvimento pós-pandemia.
Um ano do conflito armado entre tropas chinesas e indianas em Galwan (como comentamos aqui), as relações entre os dois países continuam delicadas, apesar da recente ajuda humanitária de Pequim para conter a mais recente onda de Covid-19 na Índia. Na sexta-feira (11), em uma cerimônia militar para prestar homenagem aos soldados chineses que foram mortos no embate, Qi Fabao, o então comandante das tropas chinesas no conflito, disse que “Preferimos sacrificar nossas vidas do que perder um centímetro do território”, como noticiou o Global Times. Do outro lado da fronteira, comandantes do exército indiano vão se reunir para discutir a situação na Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), palco de inúmeros conflitos entre os dois países. Se você quiser se aprofundar, vale a pena ler a análise de Manoj Kewalramani (da newsletter Eye on China) sobre o que esperar das relações entre China e Índia no médio prazo e seus condicionantes.
Aproveitando que estamos na região, vale fazer aquele cafezinho e entender a importância que Pequim dá à área dos Himalaias, o que vai desde uma questão fronteiriça a preocupações de segurança energética.
Chama o Zé Gotinha: crianças vão poder ser vacinadas na China. Na sequência da aprovação pela OMS da CoronaVac para uso emergencial, a China anunciou que esse imunizante também pode ser aplicado em crianças com mais de três anos. Até então, o país vinha vacinando apenas maiores de 18 anos. Com essa expansão gradual, a China se tornou o primeiro país do mundo a anunciar a imunização de menores de 12 anos. Enquanto isso, novos imunizantes chineses podem chegar ao mercado. Esta reportagem da Caixin mostra que a joint venture Stemirna Therapeutics levantou US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão). A reportagem ainda fala que a empresa baseada em Shanghai deve dar início em breve à fase 2 de testes.
Um casal de lésbicas está processando um zoológico em Guanzghou por discriminação sexual. Tudo começou quando as duas mulheres tentaram participar de uma promoção do Dia dos Namorados mas, para surpresa delas, o zoológico não lhes concedeu o desconto especial por valer apenas para “casais compostos por um homem e uma mulher”. O caso foi parar em um tribunal de justiça de Shanghai e está em andamento. Assim como demais integrantes da comunidade LGBTQIA+, lésbicas chinesas passam por apagamento de direitos, como a negação do casamento civil e da adoção de crianças. Soma-se a isso uma camada extra de preconceito com o estigma de “leftover women”, já que, para a sociedade heteronormativa, lésbicas não podem se casar. A pesquisadora Iris Lo aborda esse ponto e diferenças identitárias entre os movimentos LGBTQIA+ chinês e ocidental em um artigo sobre formação familiar de 拉拉 (lalas, gíria para “lésbica” em mandarim) na China.
E se você quiser aprofundar seu conhecimento sobre as lalas, Yong Zheng e Lijun Zheng discutem termos usados para descrever diferentes tipos de personalidade e papéis sexuais dentro da comunidade lésbica chinesa.
Já se sabe que o Gaokao, o “Enem chinês”, aconteceu nesta semana e levou quase 11 milhões de jovens à prova (com medidas de prevenção contra a Covid-19). Mas o que pouco se discutiu foi a proposta na seção que avaliava gramática e composição — a famosa redação. Seguindo na onda de nacionalismo e “educação patriótica” bastante presentes nos últimos anos, candidatos precisaram desenvolver uma redação de 800 caracteres sobre “grandes possibilidades e aproveitar oportunidades” (可为与有为), um tema caro aos valores do Partido Comunista, que celebra seu centenário mês que vem, como noticiou o China Media Project. É uma boa oportunidade para o partido avaliar a compreensão da juventude sobre o governo central e o que pensam dele.
Tragédia em ultramaratona em Gansu gera punição. Em nossas últimas edições, contamos sobre o desastre em uma competição na província de Gansu, no noroeste da China. Agora, Pequim anunciou a punição de 27 oficiais do governo pelo ocorrido. Também nesta semana, um representante do governo de Gansu cometeu suicídio após ser entrevistado pela polícia sobre o caso. Como falamos semana passada, grandes eventos esportivos como este estão temporariamente suspensos em todo o país.
Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.
Cadê o Dumbo? A notícia de que elefantes circulavam pela província de Yunnan e cenas fofas desses animais tirando um cochilo ganharam o carinho de netizens — além de viralizar, claro.
Pausa acadêmica: a The Lancet encomendou uma análise sobre a saúde reprodutiva de mulheres, recém-nascidos, crianças e adolescentes chineses nos últimos 70 anos e sugestões para o futuro. O artigo, em inglês, está disponível de graça.
Fotografia queer: veja o talento de Manbo Key, um fotógrafo que mostra a pulsante cena LGBTQIA+ de Taipei. A matéria é da NeoCha e está maravilhosa, confira!
Para agitar o esqueleto: ideal para quem está buscando uma dose extra de energia, a nova música da DAPUN大胖 dá até vontade de ir à academia malhar. Duvida?
Desenvolvimento: nossos parceiros na Oficina Global realizaram webinários em 2021 sobre temas da área de Estudos do Desenvolvimento. Destacamos este aqui, com Stella Zhang, tratando da evolução da cooperação chinesa para o desenvolvimento.
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