Fotografia em cores de porta de madeira com amuleto vermelho com caracter dourado para atrair boa fortuna.

Foto de Penghao Xiong via Unsplash.

Edição 297 – PIB do trimestre supera expectativas

Vacinas chinesas e gigantes de tecnologia na China

Batendo a meta. Deslizes à parte, é inegável que a China está crescendo com força novamente: o PIB do primeiro trimestre de 2024 aumentou 5,3% em comparação com o mesmo período de 2023. O número é maior do que o esperado por economistas consultados pela Reuters (4.6%) e indica uma aceleração em relação aos 5,2% do trimestre anterior. Esse desempenho foi impulsionado por um crescimento de 6,1% na produção industrial no período, especialmente de equipamentos de impressão 3D, pontos de carregamento de veículos elétricos e componentes eletrônicos, que aumentaram 40%, como destacou a CNN. A expectativa do governo para este ano é de um crescimento de 5%, uma meta considerada ambiciosa. 

Dobrando a meta. A China está intensificando suas medidas de segurança nacional ao expandir as proteções dos segredos de estado para incluir uma ampla categoria de “segredos de trabalho”. O texto, que entra em vigor no dia 1 de maio, amplia o escopo para classificação de “segredos” e incorpora medidas mais eficazes e experiências práticas adquiridas ao longo do tempo. A lei também ressalta e atribui importância à liderança do Partido Comunista Chinês na proteção dos segredos de estado. Essa atualização da lei ocorre em um contexto de intensificado escrutínio sobre a segurança nacional tanto em Pequim quanto em Washington, o que levanta preocupações sobre o excesso de “segredos de trabalho” identificados inadequadamente, limitando o acesso e a troca de informações.  

Menos bancos, mais cripto. Nesta semana, reguladores de Hong Kong aprovaram o lançamento de ETFs (fundos negociados em bolsa) de Bitcoin e Ether, as duas maiores criptomoedas. Os ETFs de três gestoras foram aprovados: Harvest Global, Bosera International e ChinaAMC. É esperado que esses fundos sejam oferecidos ao mercado ainda neste mês, o que tornaria a região administrativa especial (RAE) a primeira jurisdição da Ásia a aprovar fundos de investimento em criptomoedas. Pessoas atentas devem se lembrar que mineração e transação de criptomoedas foi banida na China continental em 2021; ao que tudo indica, investidores baseados por lá não poderão aproveitar essa nova forma de investimento na RAE. Parece que Hong Kong está encontrando seu diferencial.

Verdeando amizades. Há bastante tempo a China tem investido em evoluir suas relações com os países da América Latina, especialmente através da promoção e implementação de tecnologias verdes, como veículos elétricos e paineis solares. Em 2021, as exportações chinesas do setor para países latinos já totalizavam 26 bilhões de reais, número que dobrou em 2023. Esta matéria do The Economist conta  que os países latino-americanos têm visto as tecnologias chinesas como acessíveis e eficazes, levando os EUA a temer a perda de vantagem competitiva e influência na região.

Calma, pessoal. Na esteira do ataque retaliatório iraniano contra Israel no último fim de semana, o ministro das relações exteriores da China, Wang Yi, conversou com suas contrapartes do Irã e da Arábia Saudita na segunda-feira (15) para tentar dirimir tensões na região. Wang reafirmou a condenação ao bombardeio “inaceitável”, por parte da Israel, da embaixada iraniana na Síria e que tomou conhecimento de que a ação de Teerã foi limitada e em legítima defesa. Tanto com o ministro Hossein Amir-Abdollahian, do Irã, quanto com o príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, da Arábia Saudita, Wang ressaltou a necessidade de um cessar fogo imediato e incondicional em Gaza, tal como demandado pelo Conselho de Segurança da ONU, e de uma solução permanente para a questão Palestina-Israel que inclua o reconhecimento do direito de autodeterminação do povo palestino. Aliás, na última quinta-feira (11), a China anunciou seu apoio ao novo pleito da Palestina de reconhecimento como Estado-membro das Nações Unidas, que deve ser votado nesta quinta-feira (18).

Alemanha. Esta semana Xi Jinping recebeu o chanceler alemão Olaf Scholz para uma visita de Estado de três dias — a primeira desde que a Alemanha adotou uma estratégia para lidar com a China em 2023. Na reunião bilateral de terça-feira (16),  Xi destacou que Pequim não tem conflitos de interesse vitais com Berlim e defendeu que ambos os países atuem para garantir o livre mercado e combater medidas protecionistas. Sem se opor frontalmente, Scholz disse que o livre mercado é bem-vindo desde que a competição seja justa e pediu para que a China permita que empresas alemãs participem de processos de compras governamentais chineses. No âmbito da geopolítica, o chanceler alemão pediu que o governo chinês pressione a Rússia para pôr um fim à invasão da Ucrânia. A DW fez um belo apanhado do tour de Scholz na China, que foi criticado em Bruxelas por aparentemente ter tentado se desvincular da política de redução de riscos nas relações com Pequim. No âmbito da viagem do chanceler alemão, o think tank MERICS divulgou diversos textos e entrevistas de seus pesquisadores sobre diversos aspectos das relações sino-alemãs que valem um ou mais cafezinhos.

Momofuku, uma marca de alimentos e restaurantes fundada pelo chef estadunidense filho de imigrantes coreanos David Chang, recentemente se viu no centro de uma controvérsia envolvendo o uso do termo “chile crunch”.  A empresa registrou os direitos de uso do termo em 2023 e recentemente começou a enviar cartas de cessação de uso para empresas que utilizavam também variações desse nome. Isso desencadeou uma reação das comunidades diaspóricas estadunidenses (asiáticas e latinas) e de outras pequenas empresas, que criticaram a postura da Momofuku e destacaram os aspectos culturais de derivações como chili crunch e “chile crunch”. Após ouvir as críticas e reconhecer a importância desses termos para diversas comunidades, a Momofuku decidiu recuar e não mais aplicar a marca registrada.

Crise nas creches. O setor de cuidados infantis na China continua a enfrentar dificuldades mesmo após mais de um ano desde a reabertura pós-pandemia. Recentemente, um centro de cuidados infantis em Pequim suspendeu suas atividades devido a problemas financeiros, refletindo uma tendência mais ampla de redução no uso de creches privadas pela classe média chinesa. Outro exemplo é o caso do centro de cuidados infantis Learnroom Children’s House, no distrito de Changping, em Pequim, que suspendeu suas atividades devido à falta de pagamentos. Cerca de 15.000 creches fecharam nos últimos anos e muitas outras seguem operando com prejuízos. Essa questão reflete o problema da baixa taxa de natalidade que a China tem enfrentado.

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O assunto: segue sendo O Problema dos 3 Corpos. A autora e tradutora Xueting C. Ni analisa a satisfação em ver uma sci-fi chinesa ganhando o mundo; já o podcast Sinica discute o fundamental: a Netflix estragou a história? 

China e Índia, dois mundos. Interessado na relação sino-indiana? Vale uma olhada no “Bridging Two Worlds”, livro que analisa o pensamento político clássico e a prática estatal na Índia e na China, destacando sua relevância para os debates contemporâneos sobre as políticas externas desses países.

Internacionalismo afro-asiático: o papel das mulheres negras no movimento internacionalista radical entre a China e os Estados Unidos é o tema deste artigo, com foco na ativista Mabel Robinson Williams e sua participação na solidariedade Afro-Asiática.

 

I Became a Stepmother in the 1980 é o nome de um drama chinês que caiu no gosto dos telespectadores. A série explora os desafios enfrentados por uma estudante universitária dos dias atuais que se vê transportada de volta aos anos 1980.

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