Exposição de carros em um salão com uma placa preta grande escrito BYD e o seu nome em mandarim logo abaixo, em branco, ocupando ⅔ da imagem.

Foto de P. L. via Unsplash.

Edição 341 – Chinesa BYD ultrapassa rival Tesla

Política e economia

Na pole position. Em 2025, a corrida pela liderança do mercado de veículos elétricos começa com a BYD no pódio. A companhia chinesa teve um aumento de 29% nas receitas em 2024, atingindo a marca de 107 bilhões de dólares na venda de 4,27 milhões de veículos elétricos e híbridos, contra os 97,7 bilhões da estadunidense Tesla, que teve sua primeira queda nas vendas (1,1%), entregando 1,79 milhão de veículos. Como destaca esta análise da CNN, a virada não foi à toa: no ano passado, a BYD inovou com uma tecnologia que garante 400 km de rodagem com cinco minutos de recarga, enquanto a Tesla oferece 320 km em 15 minutos. Segundo analistas, além dos avanços tecnológicos (entre os quais, a disputa acirrada entre sistemas de direção autônoma), outra vantagem da companhia chinesa para o futuro é sua rápida expansão global – que exclui os EUA graças uma taxação de 100%. A Tesla, por outro lado, precisa lidar com as consequências do envolvimento de seu CEO no governo de Donald Trump.

Taobao busca fakes. Imagens geradas por inteligência artificial se tornaram o alvo de uma ação do Grupo Alibaba em seus portais de e-commerce, entre eles o Taobao. A empresa está implementando uma espécie de varredura para identificar imagens geradas artificialmente ou distorcidas com uso de tecnologia – é possível ver alguns dos critérios avaliados aqui. O objetivo é evitar que os usuários sejam trapaceados na hora de escolher e comprar um produto. O Taobao, principal empresa do grupo no mercado chinês, é uma plataforma de comércio online na qual pessoas podem se registrar para abrir um ponto de venda. De acordo com a empresa, mais de 100 mil imagens foram detectadas e deletadas. Essa iniciativa está alinhada com regulações chinesas contra o mau uso de inteligências artificiais, especialmente em seu impacto negativo sobre os consumidores.

E por falar em tecnologia, o governo chinês anunciou o que pode ser uma descoberta histórica de reservas de ouro. Se confirmada a existência dessas duas reservas do minério, o país asiático terá acesso a mais de duas toneladas de ouro. A reportagem do South China Post não traz muitos detalhes sobre a localização das minas e nem sobre qual tecnologia teria ajudado o país a encontrá-las. Porém, a notícia é uma esperança para a China se manter na liderança da produção e também de passar à frente de países que hoje lideram os estoques comprovados de ouro, como África do Sul, Austrália e Rússia. Além do valor para a fabricação de uma infinidade de produtos, o ouro tem valor financeiro e simbólico. A ausência de mais detalhes mantém cientistas ainda céticos sobre tais descobertas.

Internacional

Trilateral. Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, foi a Tóquio no fim de semana passado para encontrar-se com seus contrapartes da Coreia do Sul, Cho Tae-yul, e do Japão, Iwaya Takeshi. Na reunião, Wang reforçou que a China quer retomar as negociações de livre comércio com seus vizinhos, tentando convencê-los a aderir à Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP, da sigla em inglês). O encontro trilateral serviu de preparação para a realização de uma reunião de cúpula entre os líderes dos três países do leste asiático na capital japonesa ainda este ano. Apesar das rivalidades e disputas regionais, o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA parece ter feito os três países retomarem conversas de cooperação e integração regional após anos paradas — a última conversa sino-japonesa de alto nível sobre o tema aconteceu há seis anos.

Missão de paz na Ucrânia? Diplomatas chineses estariam mencionando a possibilidade da China contribuir com soldados e compor uma coalizão junto com países europeus em uma missão de paz na Ucrânia, segundo apurou o Welt. Na esteira dos esforços estadunidenses de negociar um fim para o conflito armado a qualquer custo, delegações europeias estão negociando um possível envio de tropas para monitorar um cessar-fogo — e a participação da China poderia tornar essa alternativa mais palatável para a Rússia. As especulações sobre tropas chinesas em uma missão de paz no leste europeu, no entanto, foram prontamente negadas pelo Ministério das Relações Exteriores chinês. O tema foi também abordado Hao Nan em artigo de opinião no SCMP, que afirma não ser uma boa ideia a participação chinesa, mesmo que siga os preceitos da ONU.

Sociedade

Um crime foi desvendado na China depois que uma filha anunciou nas redes sociais a morte de seu pai. Usando o pseudônimo de Xinglinger, a jovem usou o xiaohongshu (ou RedNote) para contar que seu pai estava a trabalho em um barco pesqueiro em águas internacionais quando se comunicaram pela última vez, em 10 de março. Dias depois, ela soube que o pai teria sido esfaqueado e morto, e seu corpo lançado no mar. O caso gerou uma comoção pública porque a vítima trabalhava para juntar dinheiro para o dote da filha e porque crimes cometidos em alto-mar oferecem complexidades que, muitas vezes, resultam em impunidade. Talvez graças ao post, este não foi o caso: na segunda-feira (24), a polícia da província de Shandong anunciou que prendeu o suspeito, um trabalhador contratado pela própria vítima, quando a tripulação desembarcou em um porto.

Nó. Vai ser mais fácil casar na China: a CCTV, rede de televisão estatal, anunciou há uma semana que o governo vai permitir que casais registrem sua união na cidade em que vivem – até então, eles só podiam se casar na cidade natal da noiva ou do noivo. A medida faz parte de constantes vantagens e facilidades oferecidas para promover o matrimônio com o objetivo de aumentar a taxa de natalidade. Dentro da mesma lógica, o governo dificulta a obtenção do divórcio: uma mudança no código civil em 2021 instituiu um período de 30 dias entre o pedido inicial e a concretização do processo. Como explica a repórter Liyan Qi, esse intervalo é uma enorme janela de oportunidade para a violência doméstica. Durante as Duas Sessões deste ano, a escritora e membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês Jiang Shengnan propôs o fim desse período de espera, ressaltando que ele contribui para que mulheres se sintam hesitantes em casar – ou seja, ele acaba atrapalhando os próprios objetivos do governo.

Zheng He

Clube do Livro: nosso Clube de Literatura Chinesa estreou 2025 com o livro O Garoto do Riquixá, clássico de Lao She. Em parceria com a rede Observa China, os participantes podem enviar resenhas e análises dos livros para publicação. A Márcia Carini escreveu uma resenha crítica sobre a obra.

Entrevista: o Sinification publicou uma entrevista com o historiador e pensador Xu Jilin. Xu é um intelectual proeminente no país e a entrevista não reflete apenas sobre o seu trabalho, mas sobre a esfera pública na China, a fragmentação do debate com as redes sociais, e mais. Para ler tomando aquele café.

Teatro chinês no Brasil: o Pavilhão das Peônias, tradicional ópera chinesa do dramaturgo Tang Xianzu (1550-1616), chega ao Brasil e terá apresentações no Rio e em Salvador. 

Nem tão fofo assim: vídeos de gatinhos sempre atraem milhões, mas este texto da Sixth Tone mostra um lado nada bonito do “mercado” de pets e “adoções” na China.

 

Recém reeleita, a presidente do Banco dos Brics Dilma Rousseff anunciou que a ferrovia transoceânica na América do Sul deve avançar entre os projetos do seu novo mandato. Como reflexão, vale esta reportagem da DW sobre a presença das empresas chinesas nas ferrovias do leste europeu.

 

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