Há exatos 30 anos, no dia 04 de junho de 1989, eventos na Praça da Paz Celestial, em Pequim, colocaram fim a sete semanas de protestos na capital e em outras 100 cidades do país, como Xangai e Chengdu. O movimento que chegaria ao seu desfecho naquele verão iniciou-se em 14 de abril do mesmo ano, quando da morte do então líder do partido comunista e pró-reforma Hu Yaobang. Transformado em mártir, milhares de estudantes, intelectuais e trabalhadores encabeçaram protestos clamando por reformas no partido, medidas anti-corrupção e democracia no país. O China Digital Times fez uma excelente série que narra os principais acontecimentos desde abril.

Você pode se aprofundar sobre esse evento tão importante para a história contemporânea chinesa lendo relatos diretos de pessoas que estavam em Pequim no dia. De lentes estrangeiras, vale ler o relato de Jeffrey Bader, então Diretor interino do Escritório de Assuntos Chineses do governo dos Estados Unidos, ver as fotos compartilhadas pela pesquisadora brasileira Adriana Abdenur (que residia em Pequim na época) e assistir a um vídeo gravado na Praça, no momento em que o PLA ocupa o espaço.

De lentes chinesas, vale conferir o registro fotográfico de Jian Liu, um jovem estudante de design de moda em Pequim em 1989. Cativado pelo espírito dos protestos estudantis na cidade, ele fotografou, durante 50 dias, as movimentações na Praça da Paz Celestial e seus arredores. Em memória aos 30 anos do ocorrido, Liu decidiu divulgar as mais de 2000 fotografias ainda inéditas do verão que marcou a história da China contemporânea, contribuindo para a compreensão de um evento que, apesar de enorme importância, permanece em certa medida misterioso. Há também o tocante relato do dissidente Wang Dan.

Não há como falar do 04 de junho sem dar espaço a três mulheres que fizeram parte do centro nervoso do movimento. Você pode assistir a uma entrevista dada por Chai Ling à época, ler um relato de Chaohua Wang e conhecer mais sobre a influência intelectual de Dai Qing no movimento.

O jornalista Ian Johnson escreveu uma crítica sobre um livro que lança novos documentos oficiais do período após os eventos na Praça da Paz Celestial. O trabalho em questão apresenta os documentos em mandarim e uma análise deles em inglês, mostrando como negociações e pressões internas do Partido fizeram parte da crise — e também transferência de poder — uma das questões marcantes do período, após a morte de Mao, em 1976.

O governo central da China não deixou de se pronunciar. Wei Fenghe, ministro da defesa do país, defendeu a decisão de Pequim de interromper de forma abrupta os protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial em 1989. Para Wei, “o incidente foi uma turbulência política e o governo central tomou as medidas necessárias para contê-la, o que era a coisa correta a se fazer”. O ministro completou declarando que os últimos 30 anos de desenvolvimento e estabilidade do país se devem à decisão do Partido Comunista Chinês. Em editorial sobre o assunto, o estatal Global Times comparou os eventos de trinta anos atrás com uma vacina que imunizou a China contra convulsões políticas e, assim como Wei Fenghe, enalteceu a estabilidade e o desenvolvimento chinês desde então.

Por fim, o aniversário do dia que nunca acabou tem sido sido rigorosamente censurado com o uso de inteligência artificial no país.

Poderia o modelo que desenvolveu o Leste Asiático funcionar no Leste Africano? Uma nova análise da Macropolo investiga as comparações, principalmente focando em investimentos em industrialização na região africana com a participação de empresas chinesas privadas ou estatais.

E, quer queira, quer não, a Huawei é uma empresa essencial para o desenvolvimento tecnológico na África. É o que discute este episódio do The China in Africa Podcast.


Falando em Huawei, a gigante chinesa vai entrar na justiça nos Estados Unidos contra a sua inclusão na lista de empresas que ameaçam a segurança nacional americana, pois não houve uma condenação ou apresentação de provas que dêem base à decisão. A empresa argumenta que a medida é inconstitucional. Falando em lista, aparentemente também vai rolar uma versão chinesa de empresas estrangeiras não confiáveis. Dois podem jogar esse jogo.


O encontro do Shangri-La Dialogue foi intenso. A reunião é o principal fórum de Defesa e Segurança da Ásia, incluindo reuniões ministeriais. Começou dia 31 de maio e foi até dia 02 de junho, com um discurso marcante do General Wei Fenghe, o atual Ministro da Defesa da República Popular da China sobre a participação chinesa na segurança regional. Quem chamou atenção também foi o Primeiro Ministro de Cingapura, que pediu aos EUA e à China que não exijam que países menores escolham um lado na guerra comercial e pedindo que cuidem para não criar maiores divisões num mundo já dividido e complicado. O Secretário da Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, também discursou, deixando claro que a região é prioritária para o país.


Há pouco mais de um mês, China e Estados Unidos pareciam estar perto de colocar um fim à guerra comercial entre os dois países. Hoje, porém, o clima é de hostilidade e a possibilidade de um acordo, inexpressiva. Em que momento as negociações entre as duas maiores economias do mundo desandaram? Ao que parece, uma conversa informal no dia 30 de abril entre Liu He, vice premier chinês, Steven Mnuchin, secretário do tesouro estadunidense, e Roberto Lighthizer, principal negociador comercial de Washington, trouxe à mesa diferenças irreconciliáveis entre as expectativas de cada país quanto à conclusão da conjuntura. Em recente declaração, o governo da China se mostrou disposto a encontrar soluções para os impasses à negociação, mas enfatizou que esse esforço só terá resultados positivos através de um diálogo baseado em “respeito mútuo e sinceridade”.

Quem já passou um período na China percebeu que a facilidade de delivery de comida no país é surreal. Ao mesmo tempo que isso traz comodidade, porém, também impacta o meio ambiente. Ainda que os Estados Unidos seja o maior produtor de lixo plástico do mundo, a China enfrenta uma crise de reciclagem que não está conseguindo acompanhar o crescimento do país — e dos pedidos — e boa parte do problema vem das caixas de comida de tele-entrega.


Como falamos em edições anteriores, Taiwan tornou-se recentemente o primeiro lugar na Ásia a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo gênero. Esta vitória é um dos resultados de movimentos sociais que, com muita resiliência, têm lutado para a expansão de direitos humanos na região desde 1986. Você pode conhecer melhor a história da luta por direitos LGBTQIA+ da ilha, e a atuação de algumas lideranças aquiSpoiler: mulheres lésbicas e organizações estudantis foram as pioneiras. Hora de preparar o tradicional cafezinho.

Extrafotos das primeiras cerimônias oficiais desde que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado em Taiwan.


Xangai é, hoje, uma das maiores e mais modernas metrópole do mundo. É comum, portanto, associá-la a estruturas urbanas ousadas. Nem tudo por lá, contudo, são arranha-céus: Shu Yin Lou, a casa mais antiga da cidade, foi edificada ainda no século XVI e é um dos últimos marcos históricos de um lugar em evolução ininterrupta. Nem mesmo uma construção de tamanha importância, porém, é capaz de escapar das tendências do presente — a área de Shu Yin Lou está inclusa em um novo plano de modernização do governo local e a casa, em breve, deve perder seus moradores tradicionais e passar por alterações drásticas. Para quem ainda não viu pessoalmente, resta agora contar com os relatos do passado.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Fotografia: a jornalista Lily Kuo montou uma seleção de fotografias que mostram as mudanças que a China moderna enfrentou.

Mais fotografia: na série City Poetry, o fotógrafo Romain Jacquet-Lagrèze captura os letreiros comerciais antigos de Hong Kong, um dos detalhes mais característicos — e surpreendentemente nostálgicos — da cidade.

Música: para aquecer o coração com a taiwanesa Erin Song. Viciante e com um vídeo que lembra La La Land.

É hora de quiz! Veja o quanto você sabe sobre o incidente da Praça Celestial neste quiz feito pelo SupChina.

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