Rolou durante a semana a 2019 Baidu Create AI Developer Conference, um encontro enorme em Pequim para desenvolvedores que trabalham na área de inteligência artificial (IA). Além das novidades sobre a empresa — líder em IA na China e no mundo — o evento também ganhou os noticiários porque um participante da plateia derramou uma garrafa d’água inteira no Robin Li, fundador e CEO da Baidu. A conferência durou três dias e a empresa anunciou parcerias: uma com a Intel na área de deep learning, e outra com a Geely (da área automotiva), além de ter lançado o assistente de voz DuerOS 5.0 e uma nova iniciativa para segurança no trânsito.


Uma reportagem investigativa do Telegraph apontou a possível existência de conexões próximas entre a Huawei e agências cibernéticas militares chinesas. Através de uma análise de cerca de 25 mil currículos de funcionários da empresa, a publicação alega que muitos dos colaboradores da gigante de telecomunicações já trabalharam, no passado, como agentes no Ministério de Segurança do Estado chinês e em projetos conjuntos com o Exército Popular de Libertação, além de terem sido educados nas principais academias militares do país.

A exposição contribui com as alegações estadunidenses de que a Huawei atua em conjunto com serviços de inteligência chineses e que, portanto, representa um risco à segurança nacional dos países em que opera. Como lembra o Washington Post, é comum que empresas de telecomunicações mantenham relações próximas com as Forças Armadas de seus relativos países. O problema, no caso da Huawei, seria o esforço que a empresa teria feito, por anos, para esconder tais conexões.


Um novo texto de Wei Shijie expõe mais detalhes sobre a derrocada da empresa de bicicletas compartilhadas Ofo na China.

Para além de gastos excessivos com marketing e uma competição acirrada com a Mobike, o texto aponta para a quebra da informal regra de ouro entre as grandes start-ups chinesas: jamais receber investimentos de dois ou mais gigantes de tecnologia ao mesmo tempo (Baidu, Tencent e Alibaba). Nesse caso, a Ofo recebeu altas quantias de dinheiro da Tencent e do Alibaba. O problema teria se agravado quando a Ofo criou um miniprograma para liberar as bicicletas pelo WeChat  — plataforma que não aceita o método de pagamento criado pelo Alibaba, o Alipay.

Duas notícias sobre a atuação da China na África chamaram a atenção da gente essa semana: a primeira foi a criação de um fundo de 1 bilhão de dólares da BRI para financiar o setor privado na África. Os investimentos são principalmente em e-commerce, inteligência artificial, infraestrutura e tecnologia.

A outra é sobre a atuação ativa do país na luta contra a malária. Médicos e instituições chinesas estão, literalmente, medicando todo mundo que dá (com ou sem sintoma) no Quênia, em vez de ir atrás dos mosquitos. É uma abordagem diferente, mas que mostra pragmatismo em soluções rápidas. As discussões de ética existem, bem como o interesse chinês em demonstrar políticas de boa vizinhança.


Já falamos algumas vezes aqui da aproximação entre a China e a América Latina. No texto para o The Diplomat, dá para focar no Panamá e como ele pode ser a chave da inserção chinesa no Caribe, principalmente. É uma região importantíssima para o comércio global, mas também “quintal” dos Estados Unidos — e a tensão já é quase garantida.


Reino Unido alertou a China quanto à crescente ingerência de Pequim sobre Hong Kong, afirmando que haverá graves consequências caso o gigante asiático não respeite a autonomia da cidade, garantida pela Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1984. O comunicado vem após o governo chinês enquadrar como ilegais os protestos democráticos que tomaram Hong Kong nas últimas semanas em reação à proposta de se estabelecer um acordo de extradição entre a Região Administrativa Especial e a China continental. Em resposta, o governo chinês classificou as declarações britânicas como “ilusões da era colonial” e pediu que Londres pare de tentar interferir em assuntos domésticos da China.

O verão na China registra não só altas temperaturas, mas uma prática que, se para alguns chega a ser cômica, para outros é uma resposta natural ao calor: o famoso biquíni de Pequim. Menos do que uma peça de roupa, o biquíni de Pequim é a prática de enrolar a camisa e deixar a barriga de fora. Normalmente  são homens de meia idade que cresceram em uma China onde era tênue a divisão entre o espaço público e o privado. Se a prática antes ficava restrita às ruelas dos hutongs, hoje em dia é comum em vários cantos do país, não só na capital.

O curioso é que, recentemente, diversos governos locais estão estabelecendo multas para coibir o look do verão, sob justificativa de se tratar de uma prática pouco civilizada. Vale a pena ler mais aqui sobre o assunto e se divertir tomando um cafezinho.


O mercado de construção civil chinês é o maior do mundo, e boa parte de seus insumos mais utilizados — como cimento, metal e vigas de madeira — consome muita energia e deixa para trás emissões significativas de gás carbônico. A solução para esse problema pode estar em um material que por séculos serviu como base para a construção de armas, andaimes e moradias, mas que havia sido descartado pela arquitetura moderna como obsoleto: o bambu. A China, maior produtora da planta no mundo, trata agora do bambu como um “ouro verde” que pode edificar as cidades sustentáveis do futuro e, de quebra, aliviar a participação do país na evolução do aquecimento global.


Um novo documento emitido pelo Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social (do início do ano) e que agora foi endossado por órgãos do governo de Pequim proíbe que mulheres sejam perguntadas sobre situação marital e de maternidade durante entrevistas de emprego. A ideia por trás é criar uma seleção mais igualitária e reduzir as discrepâncias nas contratações. Estudos recentes falam que 85% das mulheres recém-formadas na universidade encontraram discriminação no mercado de trabalho — apesar da alta presença no mercado e da alta escolaridade. O documento lançou discussões interessantes nas redes sociais sobre a efetividade da resolução — e sobre se isso não vai acabar impactando a empregabilidade de mulheres com mais de 30 anos.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Tempos de delicadeza:  as fotografias de Liu Ziqian são um convite para encontrar paz e profundidade no silêncio. Confira.

Casal do chá: o pessoal da Goldthread encontrou um casal no interior da China que coleta folhas de chá no meio do mato, trata e prepara seu próprio chá verde ou preto, e fez um vídeo mostrando todo o processo. Amamos.

Dica de canal: o canal de YouTube 一 条 foca em vídeos sobre lifestyle, decoração, viagens, curiosidades, e por aí vai. São vídeos em mandarim, com legendas em inglês. Tem um, por exemplo, sobre uma senhora que estuda a nomeação de objetos, e outro das 7 amigas que decidiram ir morar na mesma casa numa vila a 70km de Guangzhou.

Livros: o jornalista e escritor Ian Johnson recomendou ao site Five Books, bom, cinco livros sobre a religião na China. Vale dar uma olhada na lista.

%d blogueiros gostam disto: