É aniversário de 20 anos da entrega de Macau, que foi colônia portuguesa durante 400 anos, para a República Popular da China. Xi Jinping foi até a cidade para as comemorações. Vale lembrar que Macau fica do lado de Hong Kong — que permanece com protestos. A integração com a China continental parece estar acontecendo de maneira mais tranquila (coisa que o Xi comentou também). Macau é uma região administrativa tal qual Hong Kong, com suas leis e organização governamental próprias. Ano que vem deve se tornar o lugar mais rico do mundo (em PIB per capita) — o que faz sentido já que é a “Las Vegas da Ásia” e as apostas rolam soltas desde o século retrasado.


Em meios aos problemas de uma economia em desaceleração e às tensões de uma prolongada guerra comercial com os estadunidenses, a China está intensificando os esforços para controlar o fluxo do dinheiro para fora do país. O fenômeno, que atingiu alta histórica no início deste ano de acordo com analistas consultados pela CNN, abala a confiança no mercado chinês e, é claro, não agrada a Pequim. Em resposta, a Administração Estatal de Câmbio, um importante órgão governamental de regulação, anunciou que seu trabalho mais importante no próximo ano é justamente evitar fluxos internacionais “anormais” de capital, além de evitar riscos financeiros e reprimir atividades comerciais ilegais.


Durante 2019, um assunto em particular foi presença recorrente nas conversas sobre o mercado financeiro chinês: a perspectiva de o gigante asiático lançar sua própria criptomoeda. A possibilidade, inicialmente negada por Pequim, ganhou força em meio a observadores ao mesmo tempo em que animava e preocupava diferentes analistas. Agora, ainda sob dúvidas quanto a perfil e data de lançamento, o funcionário do Banco Central da China responsável pela empreitada veio a público anunciar que a futura moeda digital do país não será aberta a especulações. A notícia cai como balde de água fria sobre quem esperava ver na criptomoeda chinesa oportunidades de investimentos semelhantes às do Bitcoin — mas sinaliza, ao mesmo tempo, um perfil mais estável que pode contribuir positivamente com as expectativas em torno da iniciativa.

A China lançou, na última sexta-feira (20), um foguete contendo 9 satélites. Dentre eles, destaque para o CBERS-4A, um satélite de sensoriamento remoto construído pelo gigante asiático em parceria com o Brasil que deve, dentre outras funções, capturar e fornecer imagens de média resolução da Amazônia. Outro satélite brasileiro também marcou presença na ocasião: o pequeno FloripaSat-1, desenvolvido inteiramente por alunos da Universidade Federal de Santa Catarina, servirá de estação retransmissora para comunicação por rádio amador em áreas isoladas do planeta. Por fim, o lançamento ainda pôs em órbita o etíope ETRSS-1 — com ele, a Etiópia se une ao ainda pequeno clube de países africanos com satélites próprios em órbita.


A linha dos nove traços, que marca a reivindicação de Pequim pela soberania sob o Mar do Sul da China, está há anos no centro de uma das disputas políticas mais explosivas do sudeste asiático. Julgada infundamentada por uma corte internacional em Haia em 2016 (depois de três anos de deliberações), mas ainda assertivamente defendida pelos chineses, a pretensão territorial voltou aos holofotes na última semana: Saifuddin Abdullah, ministro da relações exteriores da Malásia, verbalizou o endurecimento da posição malaia sobre o assunto ao afirmar que o país tem direito de reivindicar tudo o que está em suas águas. No início do mês, seu governo apresentou uma petição à ONU requerendo clarificação sobre os limites do seu país na região. “É ridículo que a China alegue que todo o Mar do Sul da China pertença a ela”, completou Saifuddin.


Aconteceu nesta terça-feira (17) a 12ª rodada de negociações trilaterais em nível ministerial entre a China, Japão Coreia do SulOcorrido na cidade de Chengdu, o encontro se caracterizou por acordos nas áreas de integração econômica regional, e-commerce, cooperação energética e parcerias para promover soluções inovadoras para conter os efeitos adversos do crescente envelhecimento da população entre esses países. Foi nítido o tom uníssono de combater a ascensão de medidas unilaterais e protecionistas regionalmente e no mundo.

Estamos na era do soft power feito por influenciadores (ou influencers). Em uma época que tem presidente apresentador de reality show e deputados que ascenderam à fama pelo YouTube, não é de surpreender que governos ao redor do mundo estejam atentos a isso. A província de Hunan, uma das mais pobres do país, começou a contratar livestreamers (um forte mercado no país) para as suas campanhas de redução da pobreza. Uma das principais é Ah Juan, que vende produtos rurais de pequenos produtores pelo Douyin, a versão chinesa do Tik Tok. Falando em influenciadores chineses, mas dessa vez não apoiados pelo governo (ainda que existam teorias conspiratórias de que ele é um agente de propaganda), saiu uma entrevista com Hebei Pangzai, conhecido popularmente como “rei chinês do Twitter” — e cujos elogios incluem fazer mais pela imagem positiva da China no exterior do que toda a propaganda governamental.


É raro ouvir falar de protestos na China continental (mas eles estão acontecendo). Uma recente decisão da famosa Universidade de Fudan, em Xangai, considerada uma das top 3 da China, levou diversos alunos para uma manifestação relâmpago em um dos refeitórios do campus. A direção da universidade decidiu modificar o seu estatuto, retirando ou alterando importantes partes referentes à liberdade de pensamento e gestão democrática. Muitos viram como cerceamento das discussões acadêmicas, em resposta à pressão do Partido Comunista, já que menções ao Partido e à contribuição patriótica foram adicionadas.


A Comissão de Assuntos Legislativos do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo recebeu 237.000 sugestões online e 5.600 cartas pedindo atualizações no código civil do país, como dívidas compartilhadas entre cônjuges e, o que chamou mais atenção, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ativistas chineses comemoraram a repercussão pública, mas reconhecem que a mudança pode levar décadas até ser implementada. Um provérbio chinês traduz bem a situação: “不怕慢, 就怕停”, ou “não tenha medo de crescer devagar, mas de ficar parado”.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Lianzhou Foto Festival: o principal festival de fotografia contemporânea está rolando perto de Guangzhou. É a 15ª edição, reunindo trabalhos de artistas chineses e estrangeiros. Confira algumas das fotos.

Acadêmico: leia sobre a ascensão das fintechs na China e o papel delas no que o autor chama de “capitalismo autoritário” do país.

Podcast: o tópico de atuação de empresas privadas de segurança no continente africano não é novo. Contudo, as empresas chinesas estão cada vez mais presentes por lá, entrando num mercado dominado majoritariamente por empresas estadunidenses e europeias. Dá para ouvir mais neste episódio do The China in Africa Podcast.

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