Em menos de uma semana, os taiwaneses irão às urnas para decidir quem será a próxima pessoa a presidir a ilha. Há menos de um ano, acreditava-se que o Kuomintang (KMT, em inglês) tinha altas chances de chegar à presidência, visto ter levado a maioria nas eleições distritais de 2018. As expectativas foram ladeira abaixo com a onda de protestos em Hong Kong, que colocou uma pulga atrás da orelha dos que ainda acreditavam na política de “Um país, dois sistemas”.

A desconfiança não veio só daí: as principais lideranças do KMT têm sofrido um escrutínio popular relevante com casos vindo à tona sobre a duvidosa moral de uma de suas principais lideranças, como Han Kuo-yu. Pequim já percebeu que só o KMT sozinho não é capaz de aproximar a ilha de sua porção continental, e por isso também aposta em candidatos de outras origens partidárias, como Ko Wen-je do Partido Popular de Taiwan (TPP, em inglês). Seja qual for a sigla, mostrar simpatia a Pequim não parece levar ninguém muito longe nas eleições deste ano, e Tsai Ing-wen deve levar a melhor nas urnas.


A virada do Ano Novo teve discurso do presidente Xi Jinping em cadeia nacional. Em menos de 15 minutos, Xi falou dos feitos de 2019, que vão desde desenvolvimento aeroespacial e proteção ambiental, até maior abertura econômica e, é claro, combate à pobreza. Chama a atenção o número de vezes que o presidente se refere a Macau — mais do que a qualquer outro lugar da China. Confira aqui.


Há dois meses, Pequim declarou sua intenção de implementar medidas de proteção à segurança nacional chinesa em Hong Kong. Se na ocasião do anúncio, porém, poucos detalhes foram revelados sobre o conteúdo de tais medidas, o posicionamento do gigante asiático acaba de ficar mais claro: na noite do último sábado (04), o governo central da China continental decidiu substituir seu principal representante na Região Administrativa Especial, Wang Zhimin, por Luo Huining, um oficial de alto escalão do Partido Comunista Chinês com histórico de chefiar tarefas difíceis em províncias interioranas em cooperação com serviços de segurança.

Agora chefe do Escritório Central de Ligação em Hong Kong, Luo assume a importante posição em meio ao persistente tensionamento político da cidade — que já começou o novo ano com mais protestos.


Banco Central da China publicou as prioridades para 2020. Dentre elas, consta garantir a estabilidade fiscal e monetária para o ano, focando em ações de baixo risco. Espera-se maior regulação no mercado financeiro, especialmente na internet e com maior gasto em pesquisa e desenvolvimento de fintechs, e expansão de crédito focada em redução da pobreza. Peça-chave para o crescimento, o Banco Central também enfatizou as reformas que serão feitas para garantir a internacionalização do Renminbi e o crescimento de Zonas Econômicas Especiais (ZEE). A emissão de títulos perpétuos (perpetual bonds, em inglês) por bancos chineses autorizados deve marcar o ano também.

Em resposta ao ataque estadunidense que matou Qassem Soleimani, general do exército iraniano e uma das principais lideranças do país islâmico, o ministro das relações exteriores da China reafirmou a oposição do gigante asiático ao uso da força bruta como instrumento de política externa. Para Wang Yi, o episódio do bombardeio ao aeroporto em Bagdá representa uma violação às normas das relações internacionais e contribui para o tensionamento político da região. Vale lembrar que, ainda na semana passada, noticiamos aqui na Shūmiàn a realização do primeiro exercício naval conjunto entre China, Irã e Rússia — um sinal de aproximação entre Teerã e Pequim que ganha ainda mais importância frente às recentes ações de Washington.

Apesar de sua gravidade, porém, é pouco provável que a situação afete as negociações em torno da guerra comercial sino-estadunidense. Dada a importância econômica e política dos Estados Unidos para a China, assim como o raro momento de trégua no conflito, poucos acreditam que Pequim esteja disposto a ir além de críticas em discursos oficiais à superpotência norte-americana. “Apesar de sua proximidade com o Irã, a China ainda reconhecerá que os EUA são seu grande parceiro comercial”, afirmou Adnan Mazarei, ex-diretor adjunto do Departamento do Oriente Médio do Fundo Monetário Internacional.

Ao que tudo indica, o equilíbrio de forças na região vai mudar drasticamente. Como a China se encaixa nisso tudo? Vale dar uma relembrada.


Em resposta à aparente desilusão da Coreia do Norte quanto à possibilidade da melhora das relações entre Pyongyang e Washington, China e Rússia unem forças nas Nações Unidas para defender o alívio das punições internacionais ao país. Para Zhang Jin,  embaixador chinês junto à organização, o esforço é um passo oportuno na direção correta. “Nós podemos realmente contribuir para o diálogo político entre as partes envolvidas”, completou. Para Pequim, é claro, interessa impedir a radicalização dos norte-coreanos. Estadunidenses e europeus, porém, permanecem a favor da manutenção das sanções impostas ao regime de Kim Jong Un.


A mais nova polêmica envolvendo infraestrutura chinesa na África é no Zimbábue. O Shanghai Construction Group está por trás da construção do novo prédio do parlamento do país, no subúrbio de Harare. É uma doação de 140 milhões de dólares, que vai substituir o atual prédio — que era herança colonial e ficou pequeno com a expansão do corpo legislativo do país. Visto pela China e pelo governo do Zimbábue como um símbolo da descolonização do país, os críticos enxergam o acontecimento como se o governo chinês estivesse comprando apoio no continente com construção civil. Outras construções parecidas estão sendo feitas na República do Congo, Zâmbia e Gabão.

As preparações para o Ano Novo Chinês estão a todo vapor. Neste ano, o Ano do Rato começará no dia 25 de janeiro, e as celebrações podem durar até o dia 18 de fevereiro. Sabe quando nós falamos que no Brasil as coisas só começam depois do Carnaval? Pois bem, aqui é depois do Ano Novo Chinês.  Além de fogos de artifício em áreas restritas da cidade, viagens para cidade natal para se reunir com os familiares, decorações de bom agouro e entrega de presentes (normalmente dinheiro — 红包), a época é famosa pela alta produção de incensos para quem deseja fazer pedidos de oração nos templos.

A maior parte da produção do país (e do mundo!) vem de um pequeno vilarejo chamado Yongchun, localizado na província de Fujian. Mais de 15 milhões de incensos são produzidos diariamente nesse local. Há famílias que já estão há gerações no negócio, fazendo parte dos 300 fabricantes responsáveis por atender à maior parte da demanda mundial. Em Yongchun, é comum ouvir que pelo menos um a cada três incensos encontrados no Sudeste Asiático vem de lá. Conheça mais sobre essa história aqui.


Questões de saúde andam chamando a atenção nas últimas semanas na China. Com o lançamento da primeira vacina contra o HPV a ser fabricada no país, é importante refletir sobre os diversos chineses que estão indo para Hong Kong em férias médicas para receber a vacinação do HPV, motivados por uma desconfiança do sistema de saúde na China territorial. Trata-se de uma discussão que foi levantada também após o assassinato de um médico chinês por um paciente insatisfeito, em Pequim. O problema é que tem muita gente falcatrua em Hong Kong se aproveitando disso.


E falando em gente falcatrua, diversas pessoas foram presas em Wuhan, no sul do país, por espalharem notícias falsas sobre uma epidemia de pneumoniaJá são 44 pessoas diagnosticadas com o vírus, que parece estar ligado a frutos do mar. A Organização Mundial da Saúde está atuando junto com o governo chinês para a contenção e o diagnóstico preciso dos casos — afirmando que não há motivo para pânico. Contudo, o medo e a paranoia tomaram as redes sociais, com diversas pessoas dizendo que essa pneumonia misteriosa seria a mesma que causou a crise da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no país, que matou cerca de 800 pessoas em 2002 e 2003.

Zheng He foi um grande explorador chinês do século XV. Sob seu comando, o império da China chegou a praticamente todos os cantos do mundo. Esta seção é inspirada nele e te convida a explorar ainda mais a China.

Retrospectiva: 2019 foi um ano… intenso. Relembre alguns dos eventos mais importantes dos últimos 12 meses na China na retrospectiva fotográfica da Sixth Tone.

Quer mais? O excelente Ma Tianjie avaliou como foi a década para a China em relação ao meio ambiente, com 10 artigos escritos ao longo desse período. Se estiver no clima, vale ouvir o episódio do podcast Energy 360 sobre a liderança chinesa nas questões climáticas.

Para finalizar: um resumo das principais tendências e tensões tecnológicas durante o último ano no gigante asiático — da guerra comercial ao 5G e ao reconhecimento facial.

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